quarta-feira, março 29, 2006
como me achar no google
Sou curiosa. Bem curiosa. Hoje estou melhor quanto a isso, mas já fui curiosa o suficiente para sentir o estômago queimar de tanta curiosidade.

Quando resolvi colocar um contador no meu blog, eu fui direto no do google. Fila de espera. Então optei pelo popularzão sitemeter. A delícia toda do contador não é saber quantas pessoas passam por aqui diariamente, mas sim como elas chegam aqui. Essa sim é a grande diversão.

Depois que descobri tal possibilidade, eu passei mais tempo me divertindo com as palavras-chaves que fazem o meu blog parecer pop no google em determinados assuntos do que me preocupando com minha criatividade [que anda temporariamente em tpm]. E a minha maior popularidade é algo que escrevi sobre "pular cerca" e "pulando a cerca".

Todos os dias há pelo menos três entradas no blog por pessoas que estão querendo saber mais sobre "pular a cerca". O que me deixa curiosa é o que alguém quer saber a respeito desse assunto. Será que é para descobrir como cometer tal ato bem feito? Ou estão estão praticando le pacour e resolveram começar pela cerca, que oferece menos riscos que um muro?

Provavelmente uma grande decepção se abate contra os tais pesquisadores, já que não ousei a tecer uma teoria sobre o ato de pular a cerca. Pesquisando a respeito, eu achei a seguinte chamada "por que pular a cerca se a porteira está aberta?". Está? Sempre? Não é mais divertido pular do que apenas atravessar calmamente? E as emoções onde ficam? Pois se pular a cerca é algo que parece tão em moda, atravessar a porteira deve ser algo que está em desuso.

E eu como estou na tpm, se tiver que pular alguma coisa, será a janela.

Postado por Desiree às 11:47 PM | 19 comments



sexo e auto-ajuda
Nada de literatura requintada, mas divertida deve ser. Lançaram um livro [provavelmente encontrado na área de auto-ajuda nas livrarias] que dá 366 idéias para melhorar o sexo. O livro é direcionado ao público feminino e há uma dica para cada dia do ano. Fico imaginando como estaremos após ler a 366ª dica.
O nome do livro é sugestivo "Teu sexo é teu". Que bom saber disso! Afinal se a gente já não sabe o que fazer direito com ele sendo nosso, imaginem se não fosse. A humanidade estaria fadada ao fim. Se bem que para procriação ninguém precisa entender de prazer.

A crítica que li a respeito do livro deixa claro que o livro não sai do mundo real, não fala sobre contorcionismo, malabarismos, posições que exigem um ótimo preparo físico. Fala sobre alcançar o desejado orgasmo, aos vários botõezinhos de prazeres que temos espalhados pelo nosso corpo e que o sexo começa na cabeça [do homem?]. Incentiva o uso das bolinhas tailandesas e ainda recomenda o uso de um pincel muito fino [ahn? daqueles vendidos na Casa do Artista?] para estimular o clitóris. Espero que o texto aborde também o mundo fantástico dos vibradores, porque só ficar no manual pode também levar a uma tendinite.

Boa iniciativa, mas para leitoras compulsivas de Nova ou Cosmopolitan, eu não sei se o livro vai trazer novidades. E podem até falar mal das revistas, mas eu aprendi um monte de coisinhas mirabolantes naquelas páginas quando ainda era leitora. Agora está tudo muito repetitivo, acho que voltam ao tema a cada ano, afinal passar anos e anos escrevendo artigos sobre sexo, sobre como chegar ao orgasmo, como fazer um homem feliz na cama, como saber 368 posições, como beijar, como isso e como aquilo, não deve ser fácil ter assuntos inéditos.

Acho até que há um nicho muito bom para tais revistas explorarem, mas vi muito pouco a respeito, que é o cybersex. Há tanto nesse mundinho que mal podemos imaginar. É só acompanhar dona Regina Lynn para ter uma idéia. Pena que algumas das tecnologias sugeridas por ela, demoram horrores para pousar por aqui e quando chegam, são caras o suficiente para inibir pobres blogueiras como eu.

Achei baixa a constatação de que apenas 10% das mulheres nunca terem alcançado o orgasmo, porque há muitas que nem fazem sexo.

É, nada vende mais que auto-ajuda e sexo. Os dois juntos nem se fala, vira best-seller. Acho que vou começar a escrever o meu e ganhar alguns trocados.

Postado por Desiree às 11:28 AM | 2 comments



terça-feira, março 28, 2006
você sabe beijar?
Entrei na listinha de um amigo como o segundo melhor beijo que ele já deu [até o dia em que conversamos e eu acreditei]. Senti-me muito lisonjeada e espero que a lista dele seja interminável, afinal ele pode ser um santo daqueles que beija esporadicamente e beijou cinco pessoas na vida [ele disse que a maioria não sabia beijar].
E aí, entre várias latinhas de cervejas, engatamos uma discussão sobre beijo. Ele foi categórico ao afirmar:

- Dê, as pessoas não sabem beijar.

- Como não?

- Não sabem. Difícil dar um beijo bom.

Eu já reclamei um bocado dos beijos atuais. As pessoas estão cada vez mais reguladas. Beijar com língua muitas vezes pode ser um ato frustrado, porque há pessoas que simplesmente engolem suas próprias línguas e se entregam em beijos cinematográficos [leia-se técnico]. Quando você reclama e com muito charme diz que tudo que quer é brincar com a língua alheia, você percebe que fulano não sabe exatamente o que fazer com ela. É, não sei como esse pessoal aprendeu a beijar, mas na minha época diziam que o tal beijo na boca incluía língua que roçava na outra língua e também rolava uma sucção. Achei tudo muito estranho no início, mas aderi à prática e virei beijoqueira de plantão. Há também seres que são donos de línguas duras. Não sei se isso é alguma tensão na hora do beijo, mas enfim, língua dura não dá. Fisioterapia nela.

Meu amigo disse que já se deparou com muita língua dura e regulada, inclusive no atual relacionamento dele parece que a língua não era lá muito generosa. Então, muito pacientemente, foi direcionando o beijo de acordo com o gosto dele e parece que funcionou. Isso é um ótimo sinal, porque independente da idade qualquer um pode melhorar nesse quesito.

Também não gosto dos que acham que beijar é morder a boca. Mordidinhas são bem vindas, mas também na dose certa. Beijar mordendo deve fazer parte de uma categoria que desconheço. Beijo carnívoro?

Eu já tive que reaprender a beijar. Depois de ter me deparado com uma cirurgia traumática na minha boca, as coisas ficaram meio travadas. A boca abria menos, os movimentos eram menos flexíveis e até a língua se intimidou. Até o primeiro beijo foram três meses e foi um fiasco. O mocinho não era lá um grande beijador e eu tinha pânico de até onde eu poderia ir, já que tudo parecia novo para mim. Imaginem desaprender a usar a boca? De repente você tem uma boca nova e não sabe muito bem o que fazer com ela.

Enfim, a gente reaprende. Eu reaprendi, mas acho mesmo que levei um tempo até voltar a saber beijar e deixar minha boca e língua mais dinâmica. Acho que ela abre menos do que outrora, mas isso parece não ter influenciado muito na minha vida [só se eu tiver que morder um lanche de três metros de altura].

Beijo é bom e acho que deveria ser praticado com mais entrega, porque generosidade é tudo em um beijo. E nada de baba, porque essa coisa de beijo molhado também é mito.

Postado por Desiree às 5:38 PM | 11 comments



domingo, março 26, 2006
bobagens femininas
Por que somos tão impulsivas?

Por que vivemos criando expectativas em relação a tudo?

Por que não conseguimos simplesmente viver "hoje" sem pensar em "amanhã"?

Por que somos tão sentimentais?

Noite lotada, muita gente à volta e nunca ganhei tantas cantadas na vida. Charmosa. Elegante. Bonita. Interessante. E eu ali, apenas por causa dele. Passado distante vindo à tona. Olhar doce. Toque sutil. Acordei no final da madrugada apenas para vê-lo. Já sabia que não daria certo. Sempre que crio alguma expectativa em relação a alguma coisa, eu apenas naufrago.

Como é difícil ser prática, moderna, menos romântica, saber não esperar nada. Mulher tem dessas coisas. Mesmo as mais arrojadas, determinadas, independentes. Sou assim, mas aí me vejo de quatro [mais tão facilmente do que deveria] e me derreto. Tenho que aprender a me entregar menos. Sempre! Acho que me machucaria muito menos. Tola. Assim que eu me sinto agora, como tantas vezes eu senti.

--> post escrito sob: alto teor alcóolico

--> pós post: melhora de estado de espírito, dia foi tranqüilo, Vogue devorada, pequenos arrependimentos e sono

Postado por Desiree às 8:03 AM | 8 comments



sexta-feira, março 24, 2006
driblando o tédio com cerveja
"Um amigo geólogo explicou-me sobre o alinhamento dos planetas e a influência negativa que isto esta acarretando para as pessoas. Todos em crise, sim! Acho que está claro isto! Resta a nós modificarmos as rotas dos pensamentos, não é fácil - quanto mais nos apegarmos nos vícios maior será o prolongamento do fogo em nossas mentes; não adianta abáfa-lo. Temos que apága-lo. E sem remédios e sexos casuais. O negócio é alguns tragos de cerveja e idéias mirabolantes para inverter o mundo! eita!!! " by Felipe Luiz

Pois bem, após ler esse comentário deixado ontem no meu blog, um amigo comentou:

- Você precisa de apenas quatro cervejas.

- E sexo casual?

- Aí diz que não pode.

- Tá bom.

Horas depois:

- Oi, você ainda está no supermercado?

- Sim. Quer alguma coisa?

- Aumente a quantidade de cerveja porque chegou visita.

Recorri a tentativa de que a cerveja aliviria meus males. Uma cerveja, duas cervejas, três cervejas. Eu faço parte da espécie que na terceira cerveja já está virando os olhinhos. Não terminei a lata. Ri, falei bobagem e fiquei com vontade de dançar.

Não dancei, mas conspirei contra os astros, contra o alinhamento do planeta e contra essa negatividade que andou assolando meu território.

Às vezes só necessitamos mesmo de cerveja, pois somos capazes de chegar onde queremos com uma na mão. O investimento de módicos R$ 3,60 rendeu. O que uma cerveja não faz por você?

Postado por Desiree às 6:51 PM | 6 comments



quinta-feira, março 23, 2006
tirando poeira das lembranças
Estou ouvindo Mercury Rev e ouvir a banda me trouxe lembranças divertidas. Com exceção ao vocalista, que é uma bichinha bem chata, a banda é bacana e os caras são bem simpáticos. Dividimos a cerveja e comidinhas servidas no camarim no ano passado. Rimos, falamos coisas rápidas sobre o show, que iria começar em minutos até a chata da tour manager deles vir arrasta-los para outra sala.

E essa noite veio à tona hoje duas vezes na minha cabeça. Lá estávamos fazendo as unhas e a dona Luciana Gimenez surgiu no assunto. A manicure disse:

- Todo mundo diz que ela é burra, mas burra ela não é mesmo.

- Concordo. Ela teve um filho com o Mick Jagger.

- E tá se dando bem na TV.

- É, tem herdeirinho. Chique essa mulher.

Eu nunca tive uma oportunidade de ouro como essa dona Gimenez, mas como estou numa fase em que sexo é mera lembrança de tempos remotos e fartos, eu fiquei lembrando dos dias em que coisas mais interessantes rolavam na minha vida.

Noite barulhenta. Lá estava eu com o Raveonettes assistindo ao show do Mercury Rav. Bebendo, bebendo, derretendo, bebendo, bebendo. Lá do alto o show era realmente bonito, mas estava numa vibe oposta a que estávamos.

Na manhã deste mesmo dia eu tinha assistido um show do Mercury Rev particular. Éramos três, eu e mais dois amigos, como platéia. Eles passaram o show inteiro e o vocalista bichinha [desculpe-me se alguém morre de amores por ele, mas eu bodiei] estava contido e mais simpático. O tal show particular foi ótimo e eu vibrava emocionada. Afinal lá estava eu e o Mercury Rev tocando só para mim [pelo menos fiz ser assim para eu ficar feliz].

Já à noite não estava rolando. Aqueles braços abertos e os dedinhos se mexendo começaram a me irritar. Dona Sharin, uma loira muito linda, começou a me olhar entediada. Ah, ela também gosta muito do Mercury Rev e só tinha esticado a noite por ali porque queria ver o show deles. E com ela também não estava rolando. Já no meio do show ela disse que queria ir embora. O restante da banda também estava impaciente e uns ficando bodeado.

Fugimos do local e fomos todos dançar e beber mais um pouquinho. A máxima da noite foi quando meu rock-star do dia disse:

- Seria uma boa ter um filho no Brasil. Daria um marketing incrível para a banda.

- Ahn?

- Não acha?

- Será?

Imaginei-me como mãe. Como seria meu filho? Teria olhos azuis como os dele? Pele branquinha? E os cabelos? Que puxasse os meus, pelamordedeus. Provavelmente seria magrinho. Será que nasceria cantando? Ou dançando? Eu ia sair na Revista Caras e seria conhecida eternamente como "mãe do filho do..."? Tirariam fotos de nós quando saíssemos da maternidade? Ele viria ao Brasil para conhecer a escolhinha do filho? Ou seria filha? Acho que seria menino. Eu sempre acho que se um dia eu tiver um filho, ele será menino. Certezas daquelas que a gente carrega e nem sabe o porquê.

Uma vidente há anos atrás disse que eu teria três filhos. Meu tempo está se esgotando. E ainda disse que eu teria um aborto. Errou nas duas previsões, a não ser que eu fique grávida e perca o bebê por qualquer motivo que não seja uma vontade própria, tenho até um lado maternal [que poucos acreditam] que não se conteria de tanta felicidade. Três filhos acho pouco provável, a não ser que eu arrume um milionário, pois não me contentaria em dar menos do que eu gostaria aos meus filhos e hoje ter filho é bem caro. Então eu teria um.

E cá estou falando em filhos e a única coisa que eu queria hoje era um cafuné.

--> Nem era isso que eu ia escrever, mas agora vai assim.

Postado por Desiree às 4:22 PM | 6 comments



terça-feira, março 21, 2006
neuras femininas
Sabemos que ninguém está satisfeito com o corpo que tem, com a pele que tem, com o cabelo que tem ou com qualquer outro item. Nós, mulheres, somos campeãs nessa insatisfação constante.
Eu sempre fui magrela. Na infância meu apelido era Olívia Palito e eu vivia me escondendo em roupas largas, o que só piorava a minha magreza. Cresci e descobri como tirar proveito do corpinho sem muita generosidade. Decotes, roupas justinha, calças sequinhas, minissaias. Tudo começou a fazer parte do meu armário.
Agora entrei em nóia. Enquanto vivo à volta com amigas brigando com a balança na tentativa de perder uns quilinhos, eu ando arracando os cabelos tentando ganha-los.
Esse mundinho fútil que vivemos me mata, mas sou muitas vezes vítima dele. Tento me desvencilhar e não me preocupar com meus pés de galinha, meus fios de cabelos brancos, minhas ruguinhas nas mãos, celulite e outras pendengas, mas não rola. Tenho meu lado vaidoso e mais fútil do que deveria ser. Tudo é planejado. Talvez só para trabalhar é que sou mais desencanada. À noite eu não sou ninguém sem uma maquiagem e uma produção pensada. Base não pode faltar. Blush não pode faltar. Sombra e rímel não podem faltar. Batom é obrigatório. Cabelos desarrumados "pensadamente" com o secador e a pomada.
E agora essa neura infundada com meus quilos a menos. Ando sem apetite, o que aumenta minha preocupação. Ninguém anda me dando bola, o que aumenta mais ainda a minha preocupação. Estou estressada e isso me preocupa ainda mais. Ando chata e reclamona o que faz eu achar que está na hora de pagar um terapeuta, mas não tenho um horário vago nas minhas 24 horas diárias e nem dinheiro sobrando na minha conta bancária. As idéias andam falhando. A criatividade está de molho. A paciência sumiu. Ah, e ainda perdi um quilo em meio a essa fase esquisitona para contribuir de maneira eficiente nas minhas neuras.
Nessas horas nada como ter amigos gays, que sempre te levantam, sempre juram que você está ótima [quer dizer, um dia desses um amigo gay disse que sou "acabada", o que me deixou chocada, já que na minha pretensão todo mundo acha que sou mais nova do que realmente sou] e uns até dizem que só não namora com você porque não gosta mesmo da fruta. Como estamos em fase de extrema neurose, a gente acredita para não cortar os pulsos.
O que me anima é que sei que se não existem fases neuróticas, a vida pode ficar chata demais! As neuroses contribuem para pequenas mudanças e alguns luxos, pois se estou neurótica eu fico compulsiva e me dou vários presentinhos, o que também resulta em falência, que tem parecido eterna.
Por isso tudo que acho que toda mulher merece um casinho fixo quando estão solteiras. Eles são ótimos para nos fazer rir e aliviar algumas tensões, mas andam difíceis. Acho que ando temporariamente de bode.
Preciso de uma entrevista com o Woody Allen.

--> deixei a vitrola vazia

Postado por Desiree às 5:23 PM | 9 comments



sábado, março 18, 2006
um pouco de drama
Muitas vezes eu acredito que sou a mulher maravilha. As pessoas também. Sou do tipo que todo mundo acredita que nunca fica mal. Isso é ruim porque eu nunca me sinto à vontade para reclamar ou mesmo assumir que estou mal. Hoje é um dia assim. Cinza, chuvoso e lá no fundinho, nada bom.

Há dias que me sinto sozinha. Tenho o mundo à minha volta, mas de repente sinto falta daquele "quê" a mais. Sinto-me assim desde ontem. O curioso é que meu corpo parece sentir as minhas emoções de tal forma que me põe doente. Ontem eu me sentia tão mal. Não sabia se era a cabeça, se era uma gripe, se era a pressão. De repente a mulher maravilha desapareceu e deu lugar a uma pessoa tão frágil. E não sei lidar com isso. Apenas choro e mesmo assim é difícil. Não gosto que as pessoas me vejam chorando e elas estão sempre à minha volta.

Hoje passei a tarde com alguém que mexe comigo e por mais que eu tente me desvencilhar desse sentimento, já que sei que não há futuro algum para ele, eu não consigo. Faltam forças. Tarde deliciosa. Tarde triste. Você se pergunta o porquê das coisas não serem da maneira que você gostaria que fossem. Geralmente não são. E então, quando nos despedimos, senti o mundo desabando um pouquinho mais. Aí acho tudo tão dramático e tento rir de mim mesmo. Hoje não consegui.

Quando me sinto assim tento me ocupar com coisas da casa. Fui lavar a pilha de louça, coloquei todas as roupas na máquina, estendi as demais, limpei o chão, recolhi o lixo, coloquei a música bem alto. Tudo para tentar abafar essa dorzinha besta que anda tomando conta de mim nesses últimos dias. É uma maldita impressão de que vou continuar sozinha e aí vejo que hoje eu queria alguém.

Já fui boa para lidar com meus dramas pessoais, hoje não sou mais. Aí me pergunto se eu me dou tempo suficiente para deixar perceber que há coisas fora do lugar. Talvez não. Não acho que isso seja fuga, até porque poucas coisas me abatem de fato. E hoje cá estou abatida por esta solidão, por falta de colo, por falta de coragem, por falta de alguma coisa que eu não sei bem o que é.

Postado por Desiree às 8:14 PM | 5 comments



sexta-feira, março 17, 2006
vidência e fugas

O melhor papo da semana foi sobre vidência. Uma amiga está numa fase de total desconsolo. Geralmente quando um namoro termina, temos a nítida sensação de que a vida vai junto. Ontem reapareceu no meu quarto minha bíblia do amor escrita pelo divertido Allain de Botton: Ensaios de Amor. Ele não trata neste livro o amor eterno como alguns esperam que seja um ensaio sobre amor. É a história que começa de forma inusitada, passa por todas as fases de um namoro e quando menos se espera, ela termina. E o mundo rui. E a gente chora. E pensamos que o melhor é morrer. E planejamos nossa morte. E então conhecemos uma nova pessoa.

Sei que não é tão simples assim, mas é quase assim. Há exceções, mas a maioria se encaixa muito no perfil que ele desfia no decorrer do livro. Eu me identifiquei várias vezes e ri das minhas bobagens. Minha amiga está justamente nessa fase. Não pensou em se matar. Ficou triste, chorou muito, não quis ver ninguém, tem preguiça de sair e não pára de falar dele, mesmo que seja mal. E a gente ouve. Nessas horas não há muito que dizer. Apenas ouvir. Eu não sou muito boa nessas horas. Acho tudo dramático demais, por isso que quando terminei meu namoro e sofri como louca, eu preferi guardar para mim. De vez em quando eu choramingava um pouco de saudades no colo de um amigo, mas isso foi raro. Claro que meu ex vive vindo à tona em minhas conversas, pois há muitas coisas que me faz lembrar dele, mas é sempre sem chorumelas.

Recorremos às mais diversas simpatias e alternativas que fazem a gente ter alguma esperança, nem que seja de um novo amor pintando aí na frente. Minha amiga, que está nesta fase, anda buscando tais alternativas. Deram a ela o contato de uma vidente considerada muito boa. O custo era R$ 60,00 e quando ela ligou, a mulher não tinha horário. Diante da voz decepcionada e desesperada da minha amiga, a vidente repensou e a encaixou no mesmo dia. A consulta durou 4 horas e a vidente falou o que ela queria e não queria ouvir. Como o que ela não queria ouvir foi a maior parte da conversa, ela resolveu marcar uma outra vidente devido à chance desta primeira vidente ter errado nas previsões feitas em quatro horas de consulta. A segunda custa R$ 35,00, falaram para ela que a mulher é genial, mas a consulta tem a duração exata de uma hora. Ela vai lá ou já foi não sei.

O divertido foi que na primeira vez que ela contou tal odisséia, era para ser um segredo. O problema é que vidência é algo que atrai a maioria, por mais descrentes que somos. O assunto se espalhou, todas quiseram saber detalhes e o telefone para marcar uma consulta. É como a astrologia. Não acreditamos, mas sempre lemos em busca de algo que nos conforte ou anime. Eu também me animei em ir, mas sei que vou enrolar e não vou, pois vou lembrar que com essa grana eu compro algo nas liquidações de verão que estão começando. Quando estou mal, a grande saída são as liquidações, que me deixam tão feliz.

--> E uma dica: para quem gosta de rock, eu tenho uns amigos que me convidaram para uma festinha bem rock´n roll lá no Bar 8 no próximo domingo a partir das 19h. Nada como rock para driblar o tédio. Provavelmente darei uma passadinha por lá.

Postado por Desiree às 7:28 PM | 2 comments



signos & previsões
O cara que fez a previsão para geminianos em 2006 para a Elle portuguesa deve ter espionado minha vida de alguma maneira. Sei que é tudo muito sugestivo e geralmente conseguimos nos encaixar em tudo, mas bateu em todos os detalhes.

Tenho uma amiga que escrevia previsões diárias de horóscopo para um jornal e ela é apenas jornalista. Contou-me que se baseava no estado dos amigos para escrever. Um amigo pisciano estava assim, assado? Então pronto, ela pegava o estado dele e fazia a previsão do dia.

Fiquei decepcionada quando ela me contou essa história. De qualquer forma, a minha máxima de ligação com astrologia é mais relacionado ao perfil. Acho que tem muito a ver. Considero-me uma geminiana convicta. Meu melhor amigo que é pisciano e bem pisciano mesmo. Logo eu que dizia que nunca namoraria com um, mas com ele eu casaria. Algum pisciano disponível por aí? Acho que eu não os conhecia tão bem.

E lá na previsão portuguesa para os geminianos dizia que esse ano eu não teria tempo para nada e que meus projetos decolariam e eu mal daria conta deles. Ainda não decolaram, mas caminham bem e já me tiram o pouco tempo livre. O problema na tal previsão é que dizia que namorado mesmo só no segundo semestre [e olha lá], pois nesse primeiro eu estou ocupada demais. Alguém aí tem horas para vender?

Gostei tanto da previsão, que recortei e colei na parede acima da minha cama [com exceção da parte "coração"]. Se tem a ver ou não, eu não sei, mas quero que tenha, então virou mantrinha. Leio todos os dias e repito três vezes olhando para o espelho.

Hoje é dia de St. Patrick, então dia de maria-cumbicas atacar. Eu já estou desistindo do status e ando na fase mais "lagartixa" da minha vida [tradução --> momento assexuado]. Sexo atualmente só em sonhos. O problema é que quando sonhamos com sexo, raramente ele chega a acontecer. Quando vai rolar, a gente acorda. Uma decepção. Isso aconteceu essa noite e o ser em questão é alguém de quem eu já fui muito a fim e não rolou nada. Tudo estava um tesão e na hora H, chegou um amigo e tivemos que desistir.

Terça fui a uma festinha e fui agarrada no banheiro. Invasão de privacidade é pouco. Lá estava eu cruzando as pernas quando a porta do banheiro abriu. Entrei voando e ele atrás. Olhei-o e pedi para que saísse. Ele disse calmamente que não saíria e eu estava quase arriando.

- Ok, fiquei aí e não olhe.

Como eu estava de vestidinho, tudo ficou mais fácil. Ele olhou de soslaio, mas eu não deixei escapar nada. Foi constrangedor, mas eu não estava conseguindo conter a minha vontade. Na saída do banheiro, ele tentou me beijar. Dei uma bitoca e me desvencilhei [difícil quando o ser em questão tem 2m de altura]. Seres loucos [e amigos].

A dica hoje é Yeah Yeah Yeahs. Banda nova yorkina que é uma delícia sonora. Eles disponibilizaram o cd inteiro no myspace e não dá para parar de ouvi-los [corre que é só até o dia 21].

Postado por Desiree às 11:16 AM | 1 comments



segunda-feira, março 13, 2006
sexo oral e tempo-ritmo
Hoje conversando com um amigo no msn surgiu uma rápida conversa sobre sexo oral [que rendeu ótimas risadas como sempre]. Lembrei-me que quando ouvi a expressão pela primeira vez [ou que ela me chamou atenção] eu já tinha idade suficiente para tal prática, mas a minha santa ignorância fez eu achar que sexo oral era quando as pessoas falavam sobre sexo.

Um dia, lá pelos quinze anos [vejam o atraso], eu criei coragem e perguntei para a garota mais saidinha da classe o que era o tal do sexo oral, já que depois de ter ouvido pela primeira vez, ouvi também que era nojento, então comecei a desconfiar que era algo muito além das palavras.

Quando ela me contou, eu fiquei boquiaberta. Primeiro com a minha ignorância de fato, segundo com minha santa inocência e terceiro com minha aversão ao fato, afinal como alguém poderia colocar "aquilo" na boca?

O tempo passou, eu entendi finalmente como funcionava o ato, tomei coragem e enfrentei. É, no início nem foi tão ruim assim, mas enfim, não foi algo que eu quis de novo. Cheia de tabus e tremeliques eu achei que nem era para mim. Enfim... como tudo na vida, a gente acaba mudando de idéia.

Sempre que estou numa roda em que o tema é sexo, o sexo oral vem à tona. Nada tem águas divisórias tão nítidas como ele [quer dizer, até tem, mas o assunto é mais "profundo" e eu não vou falar sobre ele]. Uns gostam, uns acham mais ou menos, outros odeiam e uns amam. Tem também os que curtem mais fazer e os que preferem que façam neles.

O tal do 69 então, eu nem vou comentar muito, pois acho tal prática muito difícil e eu não tenho coordenação motora para isso. Ou um ou outro, os dois não dá. Haja concentração! Admiro os que confessam que é fácil, mas são poucos. Às vezes acho até que é mito.

No último bate-papo a respeito, a conclusão que chegamos é que poucos sabem [ou querem] fazer. Definitivamente trabalhar a velocidade é algo que a humanidade parece ter muita dificuldade. Exige um bocado de coordenação, porque como aprendemos no teatro, "tempo-ritmo" é o que pode determinar o sucesso de uma peça e aqui não é diferente.

--> na vitrolinha "we are scientists"

Postado por Desiree às 11:00 PM | 15 comments



erotica
Em junho rola a 24ª convenção "Erótica" em Los Angeles. Deve ser divertidíssimo! Eu adoraria ir, mas como viagens estão fora da minha rota, eu vou ficar aqui chupando o dedo, afinal nem na bienal eu estou conseguindo dar conta de ir.

Vamos fazer uma vaquinha para eu ir e ter um monte de assunto para falar durante o segundo semestre de 2006?

Postado por Desiree às 2:31 PM | 1 comments



signo & compras
Estava folheando uma revista e achei a previsão do meu signo para 2006. Não sou ligada à astrologia e nem sequer tinha cogitado em saber o que os astros prometem este ano para mim. Lá fui eu ler para ver se tinha alguma coisa boa. As notícias, um tanto turbulenta, estavam muito de acordo com a minha vida atual. Gostei tanto que recortei e colei na parede ao lado da minha cama, pois não sei se são exatamente previsões, mas falam coisas que eu realmente preciso prestar mais atenção.

Claro que corri para a previsão sobre AMOR e também está de acordo com minhas pretensões: namoro mesmo só no segundo semestre porque agora não está dando tempo. É, dizia exatamente isso e hoje se eu tivesse um namorado, ele enlouqueceria com meu ritmo atual.

Depois fui fuçar um gmail que fiz há muito tempo atrás só para armazenar meus arquivos. Ele tinha virado um arquivo morto, mas também não me contive e fui fuçar. Muitos textos e fotos, mas a primeira que abri era T com o sorriso que me conquistou. Há tempos eu não chorava por ele, mas hoje chorei um pouquinho. Bateu aquelas saudades das coisas boas que vivemos.

Hoje também tive um dia de compulsão feminina: COMPRAS!

Ah, quem está em São Paulo não pode perder o bazar do Herchcovitch lá na Consolação. O vestidinho que eu me derreti inteira por ele no ano passado, mas não ousei comprar porque ele custava quase dois salários mínimos, hoje foi arrematado por mim por oitenta dinheiros. Além dele levei mais quatro peças [vestidos, casaco e camisa] e o valor que gastei não chegou ao valor que custava o tal vestidinho em 2005.

É, às vezes saber se conter e guardar a ansiedade no fundo da carteira vale a pena, porque se na época eu tivesse comprado o tal vestidinho, hoje eu teria arracando os cabelos de raiva. Felizmente meu bom-senso, que às vezes existe, falou mais alto na época.

Ser mulher e sensata ao mesmo tempo não é fácil, pelo menos no meu caso.

Postado por Desiree às 1:03 AM | 1 comments



quinta-feira, março 09, 2006
quem é normal?
Hoje meu amigo divagava no carro sobre as sumidas repentinas das garotas que ele conhece na internet, que ele se envolve e então parte para o aguardado encontro. Claro que isso me leva a pensar no quanto as pessoas sempre criam expectativas em relação às outras quando a história começa na telinha [e não só nela].

Desenhamos a pessoa exatamente como queremos. A pessoa do outro lado também nos ajuda a cria-la. Fantasias são ótimas, mas geralmente elas nos decepcionam. Não sei exatamente como ele se coloca às suas pretês, mas sinto que elas sempre esperam mais do que ele realmente é. Elas até saem perdendo, pois ele é um ótimo partido. Enfim... uma hora ou outra ele acaba encontrando a tampinha da panela.

Até sugerimos para que ele procure pessoas mais normais, pois geralmente o perfil são de garotas insandecidas, as quais nos causam arrepios só pelas histórias que ele contam. O bom é que a gente sempre se diverte com as peripécias dele.

A resposta foi de que ele não gosta de garota normal. Pensei um pouco e perguntei:

- Eu e ela [a que estava no carro conosco] somos normais?

- Claro que não. - respondeu ele sem titubear

- Ah, então tá bom!

Menos mal... eu me sentiria frustrada se eu estivesse dentro das "normais". Eu gosto de ser diferente [mesmo que pouco].

Hora de ir... hoje é dia de ouvir jazz. Afinal a França adora jazz e eu sou masoquista.

Postado por Desiree às 8:54 PM | 4 comments



new order & beijo gay
A semana foi de decepções. Primeiro a notícia de que New Order não aterriza mais por aqui devido problemas pessoais. Todos os meus planos de ir para os pampas naufragaram. Claro que eu queria ver New Order, mas também era uma ótima desculpa de ir para lá. Porto Alegre é um dos lugares que mais vi pessoas bonitas por metro quadrado. Falam muito de Florianópolis, mas meu estilo é mais urbano, então eu prefiro Porto Alegre. Não vou. Continuo aqui me deleitando com a gaúchada que tenho conhecido nos últimos tempos. Alguém responda: o que eles fazem para serem sempre bonitos? Homens e mulheres!

A segunda foi a nossa prefeitura censurando o beijo gay no outdoor. O que é isso minha gente? Em pleno século XXI em uma cidade tão urbana e moderna [vamos esquecer os problemas neste momento] com um pensamento tão retrógrado. Vemos outdoors com mulheres nuas e de pernas abertas, mas homem beijando homem não pode. E se fossem duas mulheres? Seria censurado também? Já ouvi gente alegando que agride menos. Ahn? Alguém me explica o que é essa agressão? Agressão é ser assaltado no meio da rua, agressão é ser xingado, agressão é a quantidade de impostos que pagamos, agressão é a patifaria que é nosso planalto, agressão é gente morrendo de fome, agressão é gente morrendo de frio nas ruas, agressão é menor fumando crack e por aí vai.

Agora desde quando BEIJAR é uma agressão? O que importa quem está beijando? É hipócrita demais essa atitude, como tantas outras. Ousada foi a agência que criou a campanha e mais ousado ainda foi o cliente que topou faze-la.

Enfim... deixo aqui minha indignação diante da hipocrisia da nossa sociedade.

Postado por Desiree às 12:29 PM | 5 comments



depressão na madrugada
Problemas detectados há pouco [2h15 a.m.]:

- morar numa região bem localizada nem sempre é o melhor negócio, afinal tudo é tão perto, que você tem a esperança de conseguir dar "um pulinho" lá e voltar na seqüência. Simplesmente não funciona, em especial quando você já não paga mais para entrar nos lugares.

- colocar um sapato desconfortável para ficar pouco naquela festa que você quer ir, mas não deveria porque está dopada de trimedal e tentando se recuperar de uma gripe também não funciona, porque se a festa estiver boa, você se equilibra aqui, senta um pouquinho ali e quando se dá conta, a madrugada se foi e você pode ter poucas horas de vida depois.

- se convencer que só tomará água quando o preço dela é o mesmo que a cerveja também não existe. Pagar cinco reais numa cerveja já virou costume [por mais absurdo que pareça], mas cinco reais numa água dói.

- chegar em casa às 2h20 acreditando que precisa dormir e aí pensar que amanhã virá cedo para casa, alugará um dvd, fará um jantarzinho e passará a noite jogada no sofá é ilusão. Quinta-feira sempre tem as melhores festas. Você cogita em deixar o telefone desligado para não correr riscos dos amigos te convencerem a sair, mas aí lembra que alguém interessante pode ligar faz você desencanar de desligar o celular e ele não pára de tocar, porque a partir de quinta-feira ele deixa de ser um telefone comum e vira um CVV dos amigos à beira de uma crise, que te convencem a sair com eles para que eles se sintam melhor.

- a frase que a garota que senta ao seu lado no trabalho diz diariamente a você também é ilusão "sua vida é tão agitada que você não tem tempo de entrar em depressão", você fica em depressão quando conscientemente se dá conta de que não consegue cumprir as regrinhas básicas acima.

--> confissão: tomei apenas água nesta madrugada, mas o sapato machucou e eu não me rendi e fiquei 1h30 além do planejado

Postado por Desiree às 2:15 AM | 0 comments



quarta-feira, março 08, 2006
falando sobre sexo
Tenho um amigo em especial com quem gosto muito de ter discussões sexuais [que nunca saem da teoria]. Nossas conversas renderiam ótimas teses de mestrado devido nosso aprofundamento no assunto em nossos papos geralmente regados a cerveja.

Ontem discorremos sobre:

- penis circuncisado
- sexo e o mundo [na nossa cama, claro!]
- orgasmo vaginal

Contei a ele o meu susto quando peguei um circuncisado na mão pela primeira vez. Minha ignorância no assunto fez eu acreditar que o moço tinha algum problema, em especial porque ele vinha de terras afegãs. Fiquei imaginando formas de torturas até o coitado ficar naquele estado.

O problema na época era para quem eu poderia perguntar o que significava aquela falta de pele. Felizmente alguém me explicou dois motivos plausíveis, então eu dormi em paz e sonhei com o moço [e seu apetrecho] circuncisado. Curiosamente após ele passar na minha vida, eu passei a preferi-los.

Ao contar a história, meu amigo perguntou o porquê e então eu discorri sobre minha teoria e também as dificuldades que tive para aprender a lidar. Por exemplo: como fazer para bater uma? Essa foi a grande dificuldade, mas tive um namorado nesta situação que pacientemente me ensinou como dar prazer a ele desta maneira.

Também acho higiênico e mais bonito esteticamente. Meu amigo sorriu e eu perguntei se ele fazia parte do grupo. Sorriu de volta dizendo que sim e eu quase o arrastei para o banheiro da padaria para ver como era. Não rolou!

Ele me perguntou se eu tenho orgasmos facilmente [é, parecia uma entrevista concedida à revista Nova]. Até tenho, o problema é que os homens tem síndrome coelhística. Ele acredita que a velocidade é quem determina o prazer da mulher. Ai ai ai. Comigo não funciona. Tem que alternar. Devagar para começar e aí vai aumentando o ritmo. É batata. Já o que chega apavorando, geralmente me deixa chupando o dedo.

A pergunta seguinte foi se orgasmo vaginal existe ou se é utopia. Existe sim, mas para a maioria das mulheres ele é difícil. Eu cheguei lá dessa forma pouquíssimas vezes. Somos um verdadeiro campo de estímulos e raramente a "vagina" funciona sozinha. Por isso, homens que pensam que somos uma ovelha inflável e apenas tira e põe, sempre nos decepcionam.

Já a classificação dos melhores por países é difícil. Afinal isso varia de homem para homem. Eu não sou perita no assunto, mas como passei um bom tempinho fora do trópico, tive a chance de saber [em especial nas rodas femininas em que essas discussões sempre surgiam] os preferidos.

Aviso para a decepção da maioria: na lista das amigas os italianos foram considerados os piores. Perderam até para os ingleses. Em ambos os casos eu não falo por mim, mas a teoria que ouvi é que os italianos em sua prepotência de serem os melhores deixam a desejar ao acreditar que eles por eles bastam. É "venham ao nosso reino e façam a nossa vontade". Resolvi nem arriscar.

Curiosamente os eleitos como melhores vinham de terras mais distantes, em especial do leste europeu. Eu não consegui descobrir o motivo, mas a mulherada adorava um ucraniano, russo, croata, esloveno e por aí vai. Também fiquei com essa pendência, se bem que teve um pseudo-afegão que mandou bem.

O que aprendi nessa minha vida é que todo mundo pode melhorar. Então se surge um "coelhinho" em nossas vidas, mas achamos que ele vale a pena, é só conduzi-lo para que aja da forma como gostamos. Mulheres também tem suas preferências que variam de uma para uma. Por isso eu sou boca aberta e sempre mostro o que gosto e o que eu não gosto e acredito que quanto mais ficamos com essa pessoa, mais o sexo pode funcionar, porque vamos conhecendo melhor um ao outro e sabendo de suas preferências até chegar no encaixe perfeito.

Ok, esse texto ficou com cara de revista Nova, então fecho dizendo que mãos, boca, língua são fundamentais porque coelhinhos só ficam na moda em março.

Postado por Desiree às 1:39 PM | 10 comments



domingo, março 05, 2006
o dia em que levei um fora
Não é fácil levar um fora. Também não é fácil dar um fora. Difícil também engolir um fora e dar aquela volta por cima ou mesmo fingir que o fora não está te afetando. Pode afetar a auto-estima, o orgulho ou mesmo algum sentimento que possa existir.

1x0 para a França. Às vezes me pergunto porque sou uma pessoa tão teimosa. Insistente. Nada mais chato do que insistir em coisas que alguém, além de você, não queira. Há momentos em que sou inoportuna. Tudo que eu quero, eu vou atrás. Isso pode incluir pequenas coisas, grandes causas ou mesmo alguém. Não tenho medo de "não". Tenho medo é de "e se...". Cruel.

Antes do fora, eu fui brindada no final do dia de ontem com uma doce surpresa. Um amigo que eu não via há exatos 10 anos surgiu do nada na minha frente como se os anos tivessem sido congelados. Lindo, simpático e sorridente como sempre. Menos cabelos, é verdade. Uma barriga que não existia, mas que não tira nada do charme que esbanja. Que saudades deu dos velhos tempos. Claro que relembramos uma vida, contamos a todos à nossa volta a forma curiosa como nos conhecemos e rimos com a coincidência do encontro. Ele é amigo de longa data de um amigo que conheci há pouco tempo atrás na internet.

Como comentou um amigo que ouvia a conversa:

- O mundo é um cu e estamos todos na mesma prega.

Com pesar eu tive que ir embora, pois um jantar me aguardava com outro grupo de amigos. O bom de ter uma vida social agitada é que não há tempo disponível para ficar mal com alguma coisa. O ruim de ter uma vida social agitada é que às vezes esquecemos de cuidar da gente. Foi o que eu ouvi no final desta madrugada.

No jantar pude matar as saudades de um velho amigo que mora do outro lado do oceano e que eu não via há algum tempo. Noite sabática perfeita para matar saudades.

E então a França aterrizou no meio do meu jantar, que coincidentemente era um jantar francês. Neste caso foi puro acaso. Todos especularam de canto se eu e a França tínhamos alguma coisa.

- Não. Ele tem namorada. Somos amigos.

- Ah, mas vocês já ficaram?

- Sim. Algumas vezes.

- Ah, se ele te enrolar muito, dê um chega pra lá, pois eu vou te confessar: te acho um mulherão.

Claro que fiquei envaidecida. O comentário veio de um cara que é sinônimo de charme e bom gosto.

- Obrigada. - respondi com as bochechas ardendo e virei um grande gole de vinho - mas não posso [e nem devo] esperar nada, pois ele já deixou claro o amor pela namorada e as sérias intenções em casar com ela.

Uma coisa é dizer sensatamente. Outra coisa é acreditar nisso. Acredito que as intenções sejam sérias, mas sempre há uma esperança [e muitas vezes a esperança é um grande mal] de que as coisas vão mudar, de que o cara vai se apaixonar, vai largar tudo e vai ficar com você.

Costumo ser durona comigo, mas isso não me isenta de ilusões.

E então, eu e a França começamos uma saga noturna até cair numa pista cheia e invadida por funk dos anos 70 e 80. Perfeito. Passamos a noite dançando, conversando, rindo e bebendo cerveja. Tudo perfeito até a frase errada cair de pára-quedas na hora errada.

- Gosto muito de você, mas quero que a gente seja apenas amigos.

- Sim, você já disse isso antes.

- Não quero mais que role sexo entre a gente.

- Ahn? - geralmente eu fico mais fácil do que deveria e ele toma a iniciativa de me arrastar para a minha cama [assumo que provoco, mas faz parte da minha natureza provocar].

- Não fique assim. Sei que você é super sensível, mas eu não posso continuar fazendo isso com a minha namorada. - tradução tosca

E então continuou falando e eu parei de escutar. Não queria mesmo, estava me fazendo mal e achei meio grotesca a forma de dar um fora. Não quer, ok! Mas ahhhh... é difícil ser sensível e falar de outro jeito? Mulheres nem sempre estão preparadas para levar um golpe final desta maneira. Eu pelo menos sou romântica demais.

Depois de desistir de tentar falar comigo e puxar meu queixo para se assustar com minhas lágrimas. Eu estava chorando pelo quê mesmo? Ah, pela dor de cotovelo maldita que me assolou. Afinal levar fora é difícil e dói um pouquinho.

Algumas horas depois, já relaxada e rindo de novo, conversando de novo, mas enchendo a cara para apaziguar a maldita dor de cotovelo que não tinha passado, eu desabei numa cadeira com um casal de amigos.

- Você é sociável demais, se preocupa demais com as pessoas, faz coisas demais e parece que esquece de cuidar de você. - comenta a namorada do meu amigo

Como eu estava sensível e alcoolizada, chorei. Desabei mesmo. Chorei até borrar o maldito rímel que juraram que era a prova d´agua. Peguei o espelho, sequei os olhos, passei batom e dei o sorriso mais amarelo do mês. E ela continuou pegando no meu pé e dando bronca. Disse também que eu preciso dar chance para arrumar um namorado. O problema está em encontrar o tal namorado, pois sou um pouco chata nas minhas escolhas e isso diminui muito as minhas chances de encontrar alguém. Por isso a dor de cotovelo aumenta ao levar fora de alguém que tem um monte de coisa a ver com você, que tem gosto similar, que é inteligente, bonito, gostoso.

Ele foi embora e eu preferi ficar ali curtindo minha fossa com a latinha na mão. Olhei para o céu e o dia raiava. Hora de ir embora também, afundar a cabeça impregnada por cheiro de cigarro no travesseiro para acordar numa ressaca brava que eu ainda estou tentando driblar.

Hora de trocar o time.

--> e como "juicebox" do strokes pode ser tão boa?

Postado por Desiree às 3:03 PM | 14 comments



sábado, março 04, 2006
amigas de gays
Tenho muitos amigos gays. Acho eles ótimos: geralmente são bem resolvidos, divertidos, cultos e tem um bom gosto de dar inveja. Adoram te levar para jantar, ao cinema e não recusam um convite para ir às compras, ao contrário, dão pitacos do começo ao fim e te colocam para cima, te ajudam na decoração da casa.

Acabo frequentando mais lugares gays do que heteros e isso reduz as minhas chances de conhecer alguém que se interesse por mim [sexualmente falando, porque a cada saída, um novo amigo]. Felizmente hoje em dia as pessoas estão mais abertas e os lugares mais mix.

Li uma matéria que fala que em São Francisco os heterossexuais estão começando a frequentar as baladas gays, pois descobriram que os gays tem muitas amigas interessantes.

Um dia desses brinquei com um amigo que mora nos EUA se ele não tinha um amigo interessante para me apresentar. Ele respondeu que meu nível é muito alto. Questionei o que seria nível alto e ele disse que quem ficar comigo tem que ser uma pessoa bem aberta. Ahn? Ou eu levo a vida de forma simples demais e as pessoas são muito complicadas ou vice-versa.

Como já disse um amigo há muito tempo atrás, eu não nasci para ter uma família doriana. E ontem eu me dei conta de que há tempos uns homens bem interessantes já andam frequentando esse tal mundinho mais descolado. Os que ainda não conhecem, não sabem o que andam perdendo...

Postado por Desiree às 5:45 PM | 6 comments



metrossexualidade & übersexualidade
A vaidade tem consumido não só as mulheres, mas também os homens. Tanto que agora temos novas classificações masculinas: metrossexual [homem urbano excessivamente preocupado com a aparência - o termo vem de metropolitano + heterossexual], übersexual [a onda agora é essa] e outras que desconheço. Os tais vaidosos geralmente são olhados com desconfiança. E se essa categoria toda existe, eu prefiro a segunda.

No orkut há muitas comunidades de homens que assumem sua metrossexualidade e dão força uns aos outros com joguinhos do tipo "você acha que o cara acima é metrossexual", "mesmo sendo homem, você acha algum bonito?". Essa foi a sorte de ser mulher numa sociedade tão machista, já que o fato de eu achar uma menina linda não levanta desconfianças sobre minha sexualidade.

Essa nova categoria, assim como esse novo homem, causa mesmo uma certa confusão em nossas cabeças. Eu voto que o homem tem que ser vaidoso, mas na medida certa, assim como mulher neurótica com vaidade é um pé no saco. Eu namorei um metrossexual mesmo antes da existência do termo. Disputávamos o shampoo e eu me irritava com o tempo que ele gastava para se arrumar. Chegamos a brigar porque eu não achava um cara de uma banda bonito e ele não conseguia entender como eu não o achava bonito. Isso nunca me levou a achar que ele era gay, afinal se eu acho uma mulher bonita, porque ele não pode achar um homem bonito. Isso para mim é coisa de gente mal resolvida. Eu sempre acreditei que homofóbicos são os inseguros. Machão nunca me convenceu muito. Desses sim eu desconfio.

Chamou-me atenção a descrição da comunidade "para todos os homens que curtem se cuidar sem se preocupar com a opinião dos outros caras". Eu tenho minhas vaidades, mas elas são bem discretas. Gosto de estar bem arrumada [sem ser emperequetada, pq não levo jeito para isso], adoro uma maquiagem quando saio à noite, gosto de estar perfumada, com a pele lisinha, as unhas feitas [quando consigo ficar sem roê-las é uma conquista e tanto] e o cabelo sempre com corte e hidratado. Pronto, essas são minhas vaidades. Cuido do corpo, mas sem neuras. Tenho um pouquinho de celulite, mas ela não me incomoda.

E aí a pergunta é: que tipo de mulher esses novos homens procuram?

Postado por Desiree às 3:04 PM | 4 comments



pulando a cerca
Após um dia tentando recuperar a energia que tinha ficado em algum lugar que não eu, fui encarar uma sessão de cinema. Há tempos que eu ansiava por "Match Point", a nova investida do Woody Allen, um diretor esquizofrênico por quem eu tenho uma grande queda. O fato dele ter deixado de lado sua cidade querida [não é a primeira vez, mas NY sempre foi uma das principais personagens de seus filmes], Nova York, e partido para um suspense, me deixou ainda mais curiosa.

Lá fui eu cheia de expectativas me deleitar com a bonitinha Scarlett Johansson. Pois bem, digam o que quiserem, eu adorei o filme. Achei simplesmente genial. Minha amiga saiu do cinema reclamando do enredo, pois como alguém que ama tanto alguém pode fazer o que fez. Enfim... amor tem dessas coisas.

O filme pontua muito bem a culpa do adultério. A pior coisa que pode acontecer a alguém é estar com alguém e se interessar por outra pessoa. Pior ainda se essa outra pessoa corresponde ao seu interesse. Pior do que tudo é começar a ter uma história paralela. Há pessoas que lidam bem com isso. Eu acho muito difícil administrar duas histórias, ter que driblar uma delas e claro, se sentir culpado e não conseguir fazer nada a respeito.

Quando estamos com alguém e no percurso nos envolvemos com outra pessoa, obviamente o racional é: escolher um! Mas escolher muitas vezes é muito difícil, principalmente se você já tem toda uma história vivida com a outra pessoa e com essa segunda você não tem a menor idéia no que pode dar.

Assim como com a maioria das pessoas, isso já aconteceu comigo. Foi no meu primeiro namoro. Me apaixonei por um, mas amava o outro. Para mim eram relações distintas. Porém, a culpa me consumia e mesmo assim eu não consegui em nenhum momento tomar uma decisão. Para o outro lado tudo era cômodo, afinal ele também tinha alguém. Levei até onde deu, mas abri mão da paixão e voltei ao aconchego do meu namoro, porém a culpa já tinha me consumido de tal forma, que não consegui ir muito longe e logo acabou também.

Depois dessa experiência, que não foi nada boa, eu evitei dar vazão a interesses que surgem quando estou com alguém, afinal estar com alguém não nos exime de conhecer. E quando estamos com alguém, geralmente estamos mais felizes [e com a pele ótima] e isso faz com que fiquemos mais interessantes, portanto o mundo percebe a nossa presença. Afinal quantas vezes ouvimos "por que sempre que estou namorando chove gente na horta, quando estou sozinha, fico a ver navios?".

Eu só acho que se estamos com alguém e qualquer pessoa interessante que surge nos desperta algo, é hora de reavaliar se está valendo a pena a história que estamos vivendo, pois é tão fácil se acomodar numa relação e acreditar que está tudo ótimo, quando na verdade ela já acabou.

O homem lida muito melhor com este tipo de situação, já que consegue colocar em prática a frase "uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa", enquanto para mim tudo vira uma coisa só.

Postado por Desiree às 2:10 PM | 3 comments



sexta-feira, março 03, 2006
passando o dia entre aeroporto e Rio
Uma das cidades que mais me encanta é o Rio de Janeiro. Adoro quando algum motivo me leva à cidade. Frustra-me quando tenho que voltar antes do que deveria, já que ficar lá pelo menos um dia é um dever de quem vai.

No aeroporto sempre procuro por rostos conhecidos ou meramente interessantes. Sempre acho que vou encontrar meu príncipe encantado com o nariz enfiado num livro ou revista enquanto aguarda seu vôo. E, mesmo freqüentando o aeroporto há anos, eu não fiz sequer amizade com o segurança. Gosto de observar as famílias grandes, as meninas se equilibrando no salto agulha e jogando os cabelos para os lados, os rapazes com o olhar cerrado denotando impaciência pela espera, os executivos pendurados nos celulares enquanto trabalham no laptop, as celebridades se espreitando dos olhares curiosos. Esperar um vôo é uma experiência sociológica.

Na ponte aérea de ontem eu só tive o azar de cruzar com a loirinha de nariz empinado do BBB6, que estava trajando um vestidinho azul claro esvoaçante e estressada. Tanta gente para eu cruzar e cruzo com uma BBB. Enfim, deve ser carma mesmo.

Noto que a senhora ao lado lê uma revista semanal e quando olho, vejo justamente a minha imagem na página. Já sabia que estava nela, mas ainda não a tinha visto impressa. Sorri ao me ver estampada na página da revista. Não pude deixar de lembrar a primeira vez que saí numa revista. Eu tinha 16 anos e posei para a Capricho. Logo em seguida a minha pretensa carreira de modelo acabou. Eu posando de gatinha não convenceu, mas saí na revista e matei minhas amigas de inveja. É, na época eu era o patinho feio da turma, mas fui a única que saiu na Capricho, o que era uma conquista e tanto em época de sérias crises existenciais. Sobrevivi ao fim trágico da minha ex-futura-carreira. Não saí na Nova, não saí na Elle, não saí na Vogue, ninguém me convidou para um ensaio e nem mesmo fui convidada para ser modelo estranha do
Herchcovitch.

Como a espera no aeroporto foi grande, li também um texto sobre um livro que fala sobre a mentira. A crítica o classificava como um ensaio científico. Gostei muito e fiquei com vontade de compra-lo, pois assim como todos os seres humanos. Dizem que quem não mente tem grandes chances de enlouquecer.

Eu minto e acredito nas minhas mentiras. Às vezes crio histórias, às vezes floreio um bocado as que eu vivo. Então, tudo que conto pode ser verdade, pode ser meia-verdade ou pode ser uma baita mentira. Eu não ligo. Só não sei mentir quando é para driblar uma situação desconfortável/desfavorável [e ter que tirar o meu da reta por algum motivo], aí eu me enrolo toda e deixo claro que sou uma péssima mentirosa, mas geralmente me saio bem. Minhas mentiras fazem minha vida ser mais divertida e menos levada a sério.

Nâo sei se mulheres mentem mais que os homens, mas hoje chego à conclusão que todos mentem e eu sempre acredito em tudo. Se eu duvido da veracidade dos fatos, eu logo me faço acreditar. Claro que isso não quer dizer que eu engula e aceite mentiras grotescas [as do mal, sabe?].

Depois de pensar nas mentiras, de me ver na revista, foi a hora de embarcar e contar ansiosamente os minutinhos para chegar no Rio, porque para mim não há lugar mais lindo para aterrizar. O recorte perfeito da cidade, o mar azul, as ondas se quebrando, as montanhas, a ponte Rio-Niterói e a diversidade que é o Rio. Enquanto colo o nariz na janelinha, eu sinto meus olhos enchendo de lágrimas de emoção que surge por tamanha beleza.

No final do dia consegui um amigo para virar uma devassa no Largo do Machado, colocar as fofocas em dia e discutir seriamente o mundo problemático das mulheres. Ele reclamou do quanto a mulherada adora um joguinho e concordo, o "mundo" adora um joguinho. Não sei se são somente as mulheres, mas elas são mais jogadoras. Homem raramente tem meio-termo, ou quer ou não quer. Se ele está afim, ele liga ou manda email. Se ele não está afim, ele desaparece. Por isso mudei a tática, se conheço alguém que realmente me interessa, eu pego o telefone. Isso é ótimo porque não fico na ansiedade da espera pela ligação. E ligo, se eu sentir um vácuo na linha, eu descarto. Não tenho paciência para joguinhos. Desgastam demais e me confundem. Chega uma hora que eu não sei se quero ou se estou naquela apenas pelo prazer de jogar [e ter o ego massageado].

Meu amigo estava puto porque estava saindo com uma garota e na hora H, ela veio com um papo de aranha que não era bem assim. Claro que isso não fez com que ela realmente limitasse a relação deles à amizade. Continuou provocando, mandando fotos picantes, estimulando. Isso é o que ele bem definiu: pedir massagem no ego. É o tal "não quero nada com você, mas pode continuar dando em cima de mim". Isso é bem real. Aí o ser tem que estar disposto ou ter tendência ao masoquismo. O pior é que isso acontece aos montes.
Eu já fiz isso, claro. Quem não fez? Não sei até que ponto foi consciente, mas fiz. Precisava que alguém massageasse meu ego, então o deixei no banho-maria. Sei que é horrível e que isso pode ser caracterizado como desvio de caráter e eu tenho os meus desvios de vez em quando.

O melhor foi o "troco" que ele deu na fulana. Um dia foi parar no apartamento dela, entraram no maior rala e rola e na hora H, vestiu as roupas correndo, disse que era melhor não rolar nada e sumiu na noite. Provavelmente ela passou meses odiando ele com todas as forças, mas se agiu exatamente dessa maneira, ela realmente mereceu.

A volta para São Paulo foi sem surpresas e chata como sempre. Estou tentando driblar a preguiça e trabalhar, mas hoje tudo está difícil demais, inclusive terminar esse texto.

Postado por Desiree às 5:04 PM | 2 comments



quarta-feira, março 01, 2006
viagens vertiginosas ao "vento"
Há viagens que para mim são necessárias, em especial pela experiência de vive-las [tanto que o melhor é não repeti-las muito ao longo da vida]. Afinal em nada elas alterarão a minha vida, mas talvez dê um colorido a mais que estava faltando. Agora entendo os cineastas chineses [ou não] que enchem suas telas de cores de forma estonteante. Fui por alguns instantes Zhang Yimou e fiz meu próprio "hero".

Tudo começou na manhã de domingo. O carnaval prometia uma viagem tranquila, recheada de filmes, músicas, livros, sonecas e bons papos. Grupo pequeno em busca de descanso e distanciamento de grandes públicos e agitação temperada.

Enchi minha mala de dvd´s, revistas e "Sábado" do Ian McEwan. Também levei comigo um caderninho para deixar flutuar idéias que surgissem no meio do quase isolamento. Ele não saiu da mala, não por falta de idéias, pois essas nunca estiveram tão em evidência quanto neste carnaval, mas por falta de coragem de segurar uma caneta.

O dia brilhava e então resolvemos colocar em prática nossa experiência sensorial que há mais de um ano guardávamos. É, pode parecer absurdamente estranho guardar a chance de ter uma experiência por tanto tempo, mas sempre quisemos que rolasse num momento muito especial. Este carnaval foi perfeito.

Fomos para a praia ansiosos com o que passaríamos a sentir a partir de uma hora mais ou menos. Nos instalamos no canto da praia, afinal não queríamos chamar atenção e quase passamos incólumes. Por sorte optamos por um pequeno paraíso perdido no litoral norte, então a platéia era realmente pequena.

Fui para o mar, que estava plácido, com meu colchão inflável e fiquei horas jogada nele com um sorrisão estampado com uma sessão particular com Dario Argento e Zhang Yimou Tentei voltar para a terra, mas a dureza e aspereza da areia me impediram de ficar nela. Voltei para a água. As nuvens formavam belíssimas histórias e com os olhos fechados era só sintonizar a cor que eu queria ver o mundo. Os olhos virados para cima, eu via tudo em vermelho, os olhos para baixo, eu via tudo em amarelo. Houve um momento que vi o céu cheio de limões cortados e ri por achar que o mundo era uma grande caipirinha. As árvores se transformaram em famílias, as pessoas à minha volta em desenho animado.

Tentei jogar frescobol, mas era impossível acompanhar o movimento da bola. Deitei na areia e fiquei muito tempo contemplando o céu azul e depois voltei a brincar de sintonizar canais diferentes no meu cérebro com os olhos fechados. Ficar na areia por muito tempo era incômodo, então eu sempre voltava ao mar. Já no meio da tarde e depois de muitas risadas e vertigens, decidimos que queríamos ouvir "The Zombies".

Ouvir "The Zombies" transformou-se em uma experiência incrível. E claro, depois de ouvir "The Zombies", ter uma experiência estranhíssima ao tentar comer biscoito de polvilho, eu tentei dormir. Em vão. O real se misturava com minha imaginação. Tudo parecia estar à flor da pele. Via o que não estava lá, ouvia o menor acorde, sentia qualquer suspiro ao longe.

No final da tarde senti um vulto entrando no meu quarto. Fiquei quieta, não abri os olhos e então senti alguém se sentando nas minhas pernas, espalhando óleo nas minhas costas. Tentei ver quem era, mas minha visão estava limitada devido a posição que eu me encontrava. Fiquei quieta apenas sentindo aquelas mãos macias massageando as minhas costas, o perfume adocicado do óleo penetrando minhas narinas, o peso dele nas minhas pernas. Não sei quanto tempo durou, mas a sensação era extasiante e eu não queria que ele parasse. Quando enfim ele se levantou e eu desconfiei de quem era [tudo parecia turvo e incerto], o chamei para um abraço, pois era tudo que queria. Ele deitou sobre o meu corpo e ficou por poucos minutos me envolvendo nos braços dele. E então se foi.

Como tudo ganhava uma nova cotação, este momento multiplicou-se em vários e teve várias formas. Para mim foi como uma comunhão. Quando despertei, eu achei que tivesse sonhado, mas então senti o cheiro adocicado e vi o óleo na cadeira ao lado da minha cama. Fui para a praia. No caminho encontrei Seth, que topou me acompanhar. Ficamos sentados debaixo de uma árvore vendo o dia se encerrar. Tivemos uma conversa desconexa com um garoto e então instalou-se um silêncio entre nós que me perturbou um pouco. Quis comentar sobre como foi bom aquele momento no quarto, mas não ousei falar.

No caminho de volta o silêncio era pesado e eu não entendia muito bem o que estava sentindo naquele momento. Senti uma vontade imensa de abraça-lo bem forte, de dizer o quanto ele é importante para mim e que é uma das pessoas que mais amo nessa vida. Quase chorei ao tentar perguntar se um dia eu encontraria alguém como ele para mim, que tantas vezes faz eu sentir que é minha alma gêmea. E como se sentisse tudo que eu estivesse pensando, pegou na minha mão e nos olhamos com os olhos cheios de lágrimas [ou será que também não era real?]. É, senti uma emoção incontrolável que eu não sei traduzir o que foi aquele momento, mas foi o mais especial de todos.

A noite chegou e ainda estávamos em nossas viagens particulares. Assistimos "Sin City", que foi uma experiência completamente surreal, mas a violência me incomodou e eu não consegui ir tão longe no filme.

Depois ficamos assistindo os desfiles das escolas cariocas, mas com o iPod ligado. Nada de samba enredo nos ouvidos. Ficamos até a madrugada dublando os desfiles, rindo, mergulhando na Absolut Peach e buscando o sono que não vinha. Já vencidos pelo cansaço, todos esticaram para suas camas, mas a noite foi movimentada.

Na segunda-feira não houve muita vida. Todo mundo preguiçoso, cochilando por todos os cantos, algumas tentativas de curtir uma praia, mas o dia se passou com livros, revistas, músicas e filmes. E aí foi a hora de recuperar as energias e curtir o restante do feriadão, que para mim foi perfeito em todos os aspectos. Às vezes eu preciso me desligar e curtir as minhas irrealidades, que neste domingo ganharam formas tão coloridas e especiais.

Postado por Desiree às 6:51 PM | 3 comments