sexta-feira, outubro 19, 2007
Levando o leitor para a cama
Geralmente não divido minhas próprias estórias por aqui, vivo roubando estórias alheias descaradamente, porém ando com vontade de discorrer o que este blog trouxe à minha vida e claro, assunto suficiente para posts intermináveis relacionados ao tema do blog.

Eu sempre recebi emails de leitores buscando uma aproximação, talvez para matar a curiosidade de quem é a dona destas costas aí ao lado, e eles sempre vieram da ala masculina. Tiveram emails com simples elogios ao blog, mas nas entrelinhas era perceptível um mínimo de interesse. De todos os emails que chegaram eu respondi à apenas duas pessoas. Uma porque era de um blogueiro que eu gosto muito e me senti lisonjeada por ele ler meu blog, já o outro foi porque seu email mostrava que ele trabalhava em uma revista e mesmo sendo um email apenas elogiando, eu respondi com algum interesse por, quem sabe, cavar ali alguma oportunidade.

Não demorou dois emails para estarmos um no msn do outro e alguns meses para estarmos na mesa de um bar tomando cerveja e descobrindo uma afinidade enorme. Apesar de ser alguém bem interessante, eu nunca o olhei com algum interesse, o que é raro, já que homens interessantes sempre despertam a minha atenção e desejos. Não lembro se na época eu estava namorando, mas esta pode ser uma explicação plausível.

Ele, por sua vez, também não denotou qualquer interesse, o que pode ser outra explicação para inibir qualquer interesse meu. Saíamos, bebíamos muito, dávamos muita risada, falávamos pelos cotovelos e íamos cada um para sua casa após 5 horas juntos, sempre se despedindo displicentemente. Em todos esses encontros somente uma vez que ele me deu carona até a minha casa, e eu virando os olhos pelo efeito alcoólico, torci para que na despedida ele me agarrasse, mas ele foi um gentleman e me deu um beijo na bochecha. Foi a primeira vez que eu entrei em casa frustrada após um encontro nosso.

Depois disso saímos novamente para um chopp rápido que novamente durou cinco horas e uma dificuldade imensa em nos despedirmos. Nesta época eu estava envolvida com outra pessoa, então voltei ao status anterior de não pensar em muita coisa, mas obviamente depois de vários cajus-amigo tomado eu o olhei diferente.

Depois disso ele começou a me dar umas cantadas, o que confesso, me surpreendeu deveras e despertou minha curiosidade. Dei um pouco de corda, mas não muito, porque eu estava ainda saindo com o mesmo ser do último encontro.

A minha estória acabou e não demorou muito para nos encontrarmos cheios de más-intenções. O mais curioso para mim em uma estória assim é como é difícil avançar o primeiro sinal, porque você desenvolve um laço afetivo que a faz temer colocá-lo em risco. Eu posso até ser moderna nas idéias, mas na prática eu acabo muitas vezes me comportando como uma “mulherzinha” à risca com emoções exacerbadas.

Tomamos as nossas de sempre, falamos pelos cotovelos, mas o olhar (pelo menos o meu) já era diferente. A vontade de me aproximar foi aumentando, mas eu lá, me segurando e fingindo que não era comigo. Obviamente veio meu blog à minha mente e a tentativa de imaginar o que se passava na cabeça dele, incluindo se rolava uma expectativa por tudo que ele leu aqui. Não sei como foi e quando foi, mas quando me dei conta estávamos nos agarrando: 1 ano depois!

Desde então temos nos encontrado com maior freqüência. Muitas vezes me pergunto se quem ele leva para cama sou “eu” ou a Desiree, já que parece que não somos as mesmas. E também se o que o permeou a mente dele neste tempo todo foi correspondido. Gosto do que o blog no final das contas me presenteou, pois se não fosse ele, as chances da gente se cruzar seriam mínimas.

Esse foi um bom motivo que fez eu me ausentar do blog: o leitor que levou a blogueira para a cama. E do jeito que andam as coisas, eu espero que a leve cada vez mais.

Postado por Desiree às 4:39 PM | 10 comments