sexta-feira, março 03, 2006
passando o dia entre aeroporto e Rio
Uma das cidades que mais me encanta é o Rio de Janeiro. Adoro quando algum motivo me leva à cidade. Frustra-me quando tenho que voltar antes do que deveria, já que ficar lá pelo menos um dia é um dever de quem vai.

No aeroporto sempre procuro por rostos conhecidos ou meramente interessantes. Sempre acho que vou encontrar meu príncipe encantado com o nariz enfiado num livro ou revista enquanto aguarda seu vôo. E, mesmo freqüentando o aeroporto há anos, eu não fiz sequer amizade com o segurança. Gosto de observar as famílias grandes, as meninas se equilibrando no salto agulha e jogando os cabelos para os lados, os rapazes com o olhar cerrado denotando impaciência pela espera, os executivos pendurados nos celulares enquanto trabalham no laptop, as celebridades se espreitando dos olhares curiosos. Esperar um vôo é uma experiência sociológica.

Na ponte aérea de ontem eu só tive o azar de cruzar com a loirinha de nariz empinado do BBB6, que estava trajando um vestidinho azul claro esvoaçante e estressada. Tanta gente para eu cruzar e cruzo com uma BBB. Enfim, deve ser carma mesmo.

Noto que a senhora ao lado lê uma revista semanal e quando olho, vejo justamente a minha imagem na página. Já sabia que estava nela, mas ainda não a tinha visto impressa. Sorri ao me ver estampada na página da revista. Não pude deixar de lembrar a primeira vez que saí numa revista. Eu tinha 16 anos e posei para a Capricho. Logo em seguida a minha pretensa carreira de modelo acabou. Eu posando de gatinha não convenceu, mas saí na revista e matei minhas amigas de inveja. É, na época eu era o patinho feio da turma, mas fui a única que saiu na Capricho, o que era uma conquista e tanto em época de sérias crises existenciais. Sobrevivi ao fim trágico da minha ex-futura-carreira. Não saí na Nova, não saí na Elle, não saí na Vogue, ninguém me convidou para um ensaio e nem mesmo fui convidada para ser modelo estranha do
Herchcovitch.

Como a espera no aeroporto foi grande, li também um texto sobre um livro que fala sobre a mentira. A crítica o classificava como um ensaio científico. Gostei muito e fiquei com vontade de compra-lo, pois assim como todos os seres humanos. Dizem que quem não mente tem grandes chances de enlouquecer.

Eu minto e acredito nas minhas mentiras. Às vezes crio histórias, às vezes floreio um bocado as que eu vivo. Então, tudo que conto pode ser verdade, pode ser meia-verdade ou pode ser uma baita mentira. Eu não ligo. Só não sei mentir quando é para driblar uma situação desconfortável/desfavorável [e ter que tirar o meu da reta por algum motivo], aí eu me enrolo toda e deixo claro que sou uma péssima mentirosa, mas geralmente me saio bem. Minhas mentiras fazem minha vida ser mais divertida e menos levada a sério.

Nâo sei se mulheres mentem mais que os homens, mas hoje chego à conclusão que todos mentem e eu sempre acredito em tudo. Se eu duvido da veracidade dos fatos, eu logo me faço acreditar. Claro que isso não quer dizer que eu engula e aceite mentiras grotescas [as do mal, sabe?].

Depois de pensar nas mentiras, de me ver na revista, foi a hora de embarcar e contar ansiosamente os minutinhos para chegar no Rio, porque para mim não há lugar mais lindo para aterrizar. O recorte perfeito da cidade, o mar azul, as ondas se quebrando, as montanhas, a ponte Rio-Niterói e a diversidade que é o Rio. Enquanto colo o nariz na janelinha, eu sinto meus olhos enchendo de lágrimas de emoção que surge por tamanha beleza.

No final do dia consegui um amigo para virar uma devassa no Largo do Machado, colocar as fofocas em dia e discutir seriamente o mundo problemático das mulheres. Ele reclamou do quanto a mulherada adora um joguinho e concordo, o "mundo" adora um joguinho. Não sei se são somente as mulheres, mas elas são mais jogadoras. Homem raramente tem meio-termo, ou quer ou não quer. Se ele está afim, ele liga ou manda email. Se ele não está afim, ele desaparece. Por isso mudei a tática, se conheço alguém que realmente me interessa, eu pego o telefone. Isso é ótimo porque não fico na ansiedade da espera pela ligação. E ligo, se eu sentir um vácuo na linha, eu descarto. Não tenho paciência para joguinhos. Desgastam demais e me confundem. Chega uma hora que eu não sei se quero ou se estou naquela apenas pelo prazer de jogar [e ter o ego massageado].

Meu amigo estava puto porque estava saindo com uma garota e na hora H, ela veio com um papo de aranha que não era bem assim. Claro que isso não fez com que ela realmente limitasse a relação deles à amizade. Continuou provocando, mandando fotos picantes, estimulando. Isso é o que ele bem definiu: pedir massagem no ego. É o tal "não quero nada com você, mas pode continuar dando em cima de mim". Isso é bem real. Aí o ser tem que estar disposto ou ter tendência ao masoquismo. O pior é que isso acontece aos montes.
Eu já fiz isso, claro. Quem não fez? Não sei até que ponto foi consciente, mas fiz. Precisava que alguém massageasse meu ego, então o deixei no banho-maria. Sei que é horrível e que isso pode ser caracterizado como desvio de caráter e eu tenho os meus desvios de vez em quando.

O melhor foi o "troco" que ele deu na fulana. Um dia foi parar no apartamento dela, entraram no maior rala e rola e na hora H, vestiu as roupas correndo, disse que era melhor não rolar nada e sumiu na noite. Provavelmente ela passou meses odiando ele com todas as forças, mas se agiu exatamente dessa maneira, ela realmente mereceu.

A volta para São Paulo foi sem surpresas e chata como sempre. Estou tentando driblar a preguiça e trabalhar, mas hoje tudo está difícil demais, inclusive terminar esse texto.

Postado por Desiree às 5:04 PM |



2 Comments:
Anonymous Anônimo escreveu...

desiree,
não sei quem é mais doida. vc ou seus amigos !!! caramba cada história !!! nem que fosse mentira, ainda assim seria uma boa história.
putzzzzz mas existe mesmo gente assim ???
bom das mentiras tenho o meu quinhão, tanto das do bem quanto das do mal.

5:53 PM  
Anonymous Anônimo escreveu...

Ah, detesto joguinhos... detesto, abomino... pequenos e inocentes até vai, agora tem gente que só joga, e você é obrigado a jogar também, para não sair mal. odeio...
Saiu na revista? ou é mentira? hihihihi

5:31 PM  

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