terça-feira, julho 26, 2005
desabafo

Dividir o espaço com outras pessoas não é uma tarefa fácil. Nas poucas vezes que eu pensei em me casar, eu tive poucas certezas.

Porém, sei que para eu tomar esta decisão, eu realmente vou ter que querer muito. Tenho vontade de morar com alguém, mas claro, tenho medo de estragar tudo. Como dividir o mesmo espaço e ainda assim manter sua privacidade? Eu confesso que não descobri como fazer isso. Sou individualista, detesto que mexam nas minhas coisas, gosto de manter as coisas em ordem e limpas. Não sou neurótica por limpeza e por organização, mas gosto de me sentir que estou num lugar habitável.

Enquanto uma nova tampa para a minha panela não aparece, eu divido o meu espaço com um amigo. E morar com amigo pode ser uma tarefa tão árdua quanto morar com um namorado [com o namorado ainda tem os momentos de reconciliação que costumam ser incríveis, já com o amigo, no máximo nos abraçamos e abrimos uma garrafa de vinho].

Moro numa cidade cara e morar sozinha não está muito ao meu alcance. Hoje me dou conta que abrindo mão de algumas coisas, morar sozinha seria possível e talvez me deixaria um pouco mais em paz comigo mesma.

O amigo com quem eu divido meu apartamento é uma das pessoas mais generosas que conheço, mas é espaçoso e bagunceiro o suficiente para me causar cabelos brancos. Já perdi um pouco os parâmetros da minha sanidade doméstica. Este final de semana foi a gota d´agua. Além da bagunça, da falta de zelo e porquice, eu senti meu espaço sendo invadido.

Quando dividimos um espaço, temos nossa área particular [leia-se quarto] e temos a área em comum [restante da casa]. A utilização desta parte II deve ser feita com bom senso. No sábado eu estava realmente cansada. Levantei cedo, fui correr alguns kilômetros no parque, fiz faxina, fui almoçar fora, recebi um amigo para um café a tarde em casa, fui ao cinema, jantei e voltei para casa com uma amiga a tiracolo. A idéia era tomar vinho, ouvir música e colocar o papo em dia. Porém, chegaram alguns amigos [em comum] convidados pelo meu roommate sem ele ao menos estar em casa [provavelmente contando com a minha presença para recebê-los].

Dei-me conta que uma festinha ia rolar e eu não tinha sido avisada. Ouvi música, bati papo, ri, dancei e tomei o meu vinho. Por volta da 1h30 eu resolvi ir dormir, porém foi uma tentativa inútil diante da barulheira que rolava na sala. Virei para cá, virei para lá e nada. Liguei para o Tommy e desabafei. O Seth também ligou perguntando o que eu estava fazendo [parece impossível me imaginar em casa no sábado à noite] e desabafei também. Às 3h, ainda não suportando o barulho, chamei meu roommate no quarto e sugeri que eles esticassem a noitada em algum bar [o que não falta são lugares próximos a minha casa] e ele simplesmente respondeu que não estava afim, mesmo diante da minha súplica em querer apenas descansar em paz.

Ainda, calmamente, falei que teríamos que conversar sobre tais eventos em casa e que festinhas como estas deveríamos impor um limite de que ela não ultrapasse à 1h [a não ser que seja uma data especial]. Ele também retrucou não concordando. Fechei a porta puta da vida. Enfim, a festinha foi até umas 6h da manhã e lá pelas 5h eu apaguei vencida pelo cansaço. Ontem acordei por volta das 11h e a casa estava nojenta. Saí com o Tommy e a Pá para almoçarmos numa cantina italiana, voltei para casa morrendo de sono e dormi o final da tarde inteiro. Meu roommate saiu da toca por volta das 19h e só se deu ao trabalho de lavar a louça. Também me evitou. Eu passei o final da noite escovando meu tapete para ver se liberava meu stress, mas enfim, ele está aqui e eu estou decidida a ter uma conversa definitiva com meu amigo, pois sei que se continuarmos morando juntos, em breve não restará ao menos a nossa amizade, que sempre foi tão ótima.

Estou triste.... problemas em casa, problemas com os homens e falta de sexo. A coisa está realmente feia para o meu lado.

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quinta-feira, julho 21, 2005
Hoje eu quero divagar

O Seth enviou o email mais queridos dos últimos anos. Sabe a sensação de receber uma carta de amor de alguém que faz você tremer nas bases? Pois bem, a sensação que tive ao ler o email dele, foi justamente essa.

"Você é tudo que você quer, o tempo todo. Você nunca se dissimula. Você pode estar toda comportada e recatada hoje, e amanhã sair toda doidona pra onde te der na telha. Você conhece todo mundo, e quem você nao conhece te conhece, porque você é uma figura marcante em todos os apectos. Seja no que você faz, onde você vai, no que você veste, você é o seu proprio personagem, e você controla ele como quiser."

Claro que depois de uma conversa boba na fila do cinema, eu fiquei matutando a direção que eu deveria ir. Às vezes a gente se confunde. Às vezes até acreditamos que somos autênticos e quando percebemos, somos uma fraude. Depois da mensagem, eu relaxei um pouco. Eu sou eu, mas sou várias outras também. Que mal há nisso? Somos seres múltiplos ou não?

Já tive diversas crises existenciais e sei que elas nunca chegarão ao fim. Talvez sejam menos constantes, mas de vez em quando elas dão sinal de vida para me atazanar e tirar um pouco o meu sono.

Também me dei conta do quanto eu estava desperadamente atrás de alguém apenas para me enganar. Sempre ouvimos que um amor a gente esquece com outro amor. O amor não surge assim tão facilmente. Ele não aparece bêbado no meio da pista de uma boate, afinal este mal te vê, mal lembra quem é você no dia seguinte.

Resolvi relaxar e aproveitar esta fase para curtir meus amigos. Criar menos válvulas de escape para fugir dos meus sentimentos.

Sou meio nostálgica e preciso aprender a andar somente para a frente. Eu vivo voltando atrás. Eu vivo buscando coisas no passado, revirando gavetas, tirando lembranças de debaixo do colchão, revivendo alegrias, mas também revivendo dores, olhando fotografias, lendo meus diários e cartas de amor. Fico me questionando o porquê das coisas mudarem tão drasticamente.

Hora de seguir em frente. Hora de guardar o passado numa caixinha vermelha. Deixá-la no fundo da minha gaveta de calcinhas. Lembranças combinam com calcinhas. Lembranças combinam com cheiros. Sou toda lembranças. Hora de alçar vôos novos. Hora de conhecer pessoas e não apenas me jogar nos braços dela para no dia seguinte eu ter apenas um gosto desconhecido na boca, um número de telefone para qual eu provavelmente não vou ligar.

Começo a me sentir leve. E confesso, ainda assim eu preciso fazer sexo [uma necessidade animal mesmo, o problema que eu não consigo me comportar como uma Samantha]. Afinal uma coisa não tem a ver com a outra. Ou tem?

E a pele está uma catástrofe!

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segunda-feira, julho 18, 2005
Hora de mudança?

Depois de um rápido encontro na fila de cinema com o Seth, eu me dei conta de que [talvez] seja a hora de reavaliar alguns conceitos.

Será que é melhor ser low profile?

Minha relação com os homens podem não ser bem sucedidas por alguns motivos, mas talvez o mais forte seja o meu lado over. Quem gosta do além da conta? Nem eu...

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quinta-feira, julho 14, 2005
Meus encontros e desencontros

Às vezes o desânimo se abate contra mim impiedosamente. Ontem foi um dia. Na hora do almoço eu aproveitei umas liquidações e fui fazer umas comprinhas para ver se a alegria voltava a reinar no meu dia. Com sacolas, dinheiro a menos na conta, eu já sorria por ter disfarçado de alguma forma minha carência.

Não sou fã de chocolate, o que não é um bom negócio quando se está carente, já que ele é capaz de disfarçar algumas vontades. Cheguei em casa com dor de cabeça. Casa vazia, fria, escura. Os planos eram um jantarzinho básico, tv e cama. Não deu certo.

Estava no banheiro quando o telefone tocou. Por que levamos ao celular até quando vamos ao banheiro? Atendi. Era o ser da última quinta-feira. Conversamos e acabamos combinando de ir ao cinema para uma sessão que começava em 50 minutos.

Deu tempo de tomar um banho, mas não deu tempo de ingerir uma aspirina. Voei e cheguei no cinema ofegante. Não sabia muito bem como ele era, mesmo tendo-o beijado [estava escuro]. Não era alto, não era muito meu tipo, mas tinha algo fofo nele que chamou minha atenção na
primeira vez que vi. Não era feio. Não era bonito. E [incrivelmente] tinha mais ou menos a minha idade.

Quando eu tinha 20 anos, eu gostava mesmo dos mais velhos, porém ao ficar mais velha, eu passei a querer os mais novos. Vá entender. E ultimamente os que se aproximam raramente tem idade superior a 25. Sair com um de 30 foi realmente uma surpresa [boa].

O problema é que eu falo demais. Isso é um defeito que eu já tentei [muito inutilmente] melhorar. Falei pelos cotovelos e devo ter sufocado o meu pretê. Acho que deixei-o zonzo. Durante o filme ele tentou uma aproximação. Pernas encostando, braços, mão que sem querer
tocava na outra e de vez em quando eu percebia que ele estava me olhando. Cinema nem sempre é uma programação ideal quando você quer conhecer alguém melhor. Eu simplesmente não consigo tirar os olhos da tela, a não ser que o filme seja um grande fiasco.

Não dei a menor atenção a ele durante o filme. Quer dizer, em alguns momentos cochichamos, mas sempre sobre o filme. Na saída ele mencionou uma frase que eu citei no dia que eu o conheci, o que eu gostei [denotou que ele é atencioso]. E neste segundo encontro ele pareceu
mais interessante, pois na primeira vez eu tive a visão de um pinguim. Ele parece ter muito frio, pois estava com um casaco enorme no meio de uma festa, na qual eu estava de top. Ontem, idem! Ele estava com muitas blusas e eu apenas uma jaqueta jeans, camiseta e cachecol.

O encontro foi um fiasco. Falei demais e acho que preciso urgentemente fazer um curso de reeducação oral [oralmente falando, as coisas só estão funcionando lá embaixo]. Ele ainda me acompanhou até a frente da minha casa e aí ficou aquele clima estranho e agora, o que fazemos?
Convidei-o para entrar, mas ele não aceitou. Sorri, dei um beijo no rosto dele e dei tchau. Ele se foi. Voltou, me puxou e deu um beijo na minha boca, virou e foi embora.

Fiquei meio atônita com a forma como ele me beijou [será que era hmmm... já que vim até aqui, pelo menos um beijo para compensar].

Enquanto seguia para dentro de casa, o celular tocou novamente, desta vez um amigo super animado dizendo que estava indo na minha casa me buscar para ir no bar que ele estava. Não aceitei o convite, afundei na cama e dormi. Meu amigo não acreditou!

No final da semana passada, o meu amigo [o que me provocou e me deixou na mão] disse que me acha super poderosa. Não sei se sou super poderosa ou mesmo se sou poderosa. Talvez eu seja comum demais. Talvez eu não seja bonita o suficiente. Homem é tão estético. Mulher é mais
generosa. Gosto dos bonitos. Tenho meu lado plástico. Porém, a beleza é um item que não está em primeiro lugar. O que eu gosto mesmo é de um homem estiloso, charmoso e que tenha bom gosto. E se for bonito, melhor ainda. Homem bonito ao lado sempre levanta a auto-estima. Como
sou fútil [e honesta].

Fazendo um balanço dos meus últimos encontros, eu posso afirmar que há algo errado. Comigo ou com eles. Mas há. Será que sou de fato uma mulher poderosa e os homens tem medo de mim? Ou sou comum demais e eles deixam de ver graça no segundo encontro? Talvez eu precise rever os meus conceitos e controlar a minha ansiedade. Não sei se tenho conhecido homens que realmente tem me interessado ou se estou carente demais e assim acho todos interessantes.

Vou parar de beber.

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quarta-feira, julho 13, 2005
Um pouco de insanidade na terça

Às terças eu não costumo fazer nada. É um dia que sonho em chegar cedo em casa, me jogar no sofá e passar a noite me divertindo com meus seriados favoritos ou ouvindo música e lendo meus livros. Ontem foiatípico.

O Luca, que mora comigo, ia dormir fora. Aliás, ele anda numa fase estranha. Dizem que as mulheres são complicadas, mas os homens na sua praticidade toda quando as coisas não rolam como deveriam, eles perdem um pouco o rebolado, mas fingim que nada está acontecendo. A Bebel passou em casa para pegar umas coisas que tinha esquecido lá. Acabamos nos animando e indo ao mercado comprar guloseimas e vinhos. Rolou um jantarzinho, fumamos, tomamos vinhos e ficamos bêbadas o suficientepara rir de um mero "a" pronunciado.

Algumas horas depois o Seth e o Alex chegaram por lá também. Ah, que deliciosa surpresa, pois eu estava morrendo de saudades. E com todo esse auê rolando por aqui, eu quase não tenho encontrado meus amigos. Depois foi a vez do Tommy baixar por lá e o que era um mero conversê,transformou-se numa festinha que foi até às 2h.

Com todo mundo virando taças de vinho chileno, o papo foi só sobre sexo.

Parte II

Já nada sóbrios, o Tommy tentava me convencer a descartar um atual alvo. É, ando paquerando um ser um tanto incomum. Saímos algumas vezes, mas não rolou nem beijo na boca. Sei que as coisas não tem que ser assim, mas já estou me sentindo no tempo da minha mãe. Será que
pegar na mão pode?

Ele [Tommy] sugeriu que hoje eu fosse ao cinema com o ser que eu conheci na festa que fui na quinta e que liberasse logo, pois a maré parece não estar muito a meu favor e disse que com isso, eudesencanaria de vez do ser incomum.

Voltando um pouco a parte I, eu confesso que durante a minha bebedeira eu liguei para um casinho antigo e demos algumas risadas e ficou no ar um convite de um revival. E mandei um torpedo para um paquera que também tá bem enroscado. Não sei se o rapaz é comprometido, se é gayou mesmo se percebeu que a garota aqui existe.

Quem não me conhece até acredita que ando matando cachorros a grito, mas eu digo, não é bem assim..... mas é quase!!! As coisas realmente não andam fáceis e as espinhas não param de surgir. O Tommy acha que devo investir num relacionamento com a Dri, pois acha que eu a
colocaria nos eixos. Mas quem disse que eu sou lésbica? Beijos a gente até dá, mas namorar? Transar? Não rola. É exigir muito da minha pessoa. E não é preconceito, é pós mesmo.... falta tesão, entende?

E acho hilário as pessoas discutindo o que é bom para mim ou o que não é, mas como afirmei ontem para a Bebel, vão se os amores, ficam os amigos. E brindamos isso com duas garrafas de vinho, muita comilança, Franz Ferdinand, Hope Sandoval, R.E.M. e alguns dos meus melhores
amigos juntos.

O que pensa um coração vazio?

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terça-feira, julho 12, 2005
será que a maré vai melhorar?

Ontem fiz uma pizzada em casa. Amenidades, risadas, café e com um pouco de atraso, a pizza. Já era um pouco tarde e fui acompanhá-los até o metrô. O celular tocou enquanto eu voltava para casa. Era o Seth, um amigo arquiteto de muito bom gosto. Contou-me sobre a viagem feita no final de semana para a praia, afinal por aqui é verão e para fugir um pouco do caos que está a cidade, esticaram até o litoral.
Inveja tola porque fiquei aqui sem nada a fazer a não ser me perder nas minhas próprias idéias, derrubar café nas lembranças, ficar inerte olhando para a tv, tentar ler uma revista sem exito. O bom é que curti meu espaço, afinal o agito por lá andou tanto que eu não conseguia relaxar e de repente, me vi sozinha. Faltou mesmo uma boa garrafa de vinho para acompanhar a minha solidão.
Matei as saudades do meu amigo por telefone mesmo, já que ultimamente a gente não consegue se encontrar de jeito nenhum. Depois uma ligação inesperada de um cara que eu conheci numa festa na quinta-feira passada. Um convite para um cinema. E eu tentando me reerguer de um furo que levei no domingo, achei ótimo. A semana começou boa e ela promete.

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Namorar ou não?

Há tempos que a mulher vem levantando a bandeira da independência. Li há pouco tempo atrás um texto em que a autora dizia que a mulher é auto-suficiente e por isso não precisa se jogar em relacionamentos com homens meia bocas. Quanto a se entregar a um meia-boca, eu concordo, afinal ninguém tem que ficar com qualquer um apenas para não ficar sozinha.

Na minha singela opinião, a maioria de nós quer é um amor a pronta entrega. Que a nossa felicidade não depende de ninguém todo mundo sabe, mas isso não é motivo suficiente para declarar que estou bem sozinha, obrigada. Lá no fundo todo mundo quer alguém, por mais que solte a quatro ventos que a prioridade é isso, é aquilo, é qualquer outra coisa que não seja outra pessoa.

Quem afirma que quer é ficar sozinha, no fundo tem medo é de encarar um relacionamento. Afinal convenhamos, relacionar-se com alguém não é nada fácil e ás vezes exige alta manutenção. Abrimos mão de algumas coisas, fazemos coisas que não gostamos e até encaramos uma partida de futebol a dois.

Eu desde pequena aprendi a sonhar com meu príncipe encantado. E garanto a contra-gosto da maioria: ele apareceu! Claro que também surgiram sapos, mas entre tanta sapolância, ele surgiu e não só em uma versão, mas em várias. É, amar eu amei duas, mas surgiram vários seres especiais na minha vida que fizeram tremer as minhas bases. E não eram homens quaisquer, eram homens especiais. Uns se apaixonaram pela pessoa que aqui escreve, outros não me deram a mínima, mas nem por isso eles foram menos especiais.

A mulherada vive reclamando que homem é tudo feladaputa. Há, mas há muitas mulheres que são também. Eu, felizmente, caí pouquíssimas vezes nas garras de homens que tinham grandes probabilidades de fazer eu parar de acreditar na raça humana. É, parece meio radical, mas conheço umas mulheres assim, que se recolheram depois de se decepcionarem. Mas relação humana é difícil e não só no amor, mas na amizade também. Complicamos demais, pensamos demais, idealizamos demais.

O problema é que a mulher trabalha a relação de forma muito distinta que o homem. A gente pensa, eles vivem a relação. Quando nos deparamos com um homem que parece ter uma alma feminina, logo o descartamos por ele ser bonzinho demais, por ele querer demais, por ele ser meleca demais, por ele nos paparicar demais.

E, mesmo saindo de um relacionamento que fez eu morrer [e agora renasço novamente], não fechei as minhas portinholas com desculpas esfarrapadas para disfarçar meu medo de amar novamente.

Eu quero é me apaixonar de novo, eu quero conhecer alguém que me faça estremecer de novo, que me faça desejar intensamente de novo, que me faça sonhar de novo, que me faça rir à toa de novo, que me faça ter vertigens, viver delícias, que me faça sentir mais viva do que nunca, que me faça sentir saudades.

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segunda-feira, julho 11, 2005
No sex and the city

Vivo numa cidade grande e movimentada. Estou sempre cercada de amigos, badalando em festas, conhecendo gente nova, indo ao cinema... resumindo: estou sempre em movimento constante e cercada por pessoas.

Há alguns meses atrás terminei (ou terminaram comigo) um namoro de dois anos. Era um namoro que vivia constantemente em altos e baixos, mas era bom. Eu acreditava que ele era o homem da minha vida e ele acreditava que eu era a mulher da vida dele. O problema é que quando estávamos juntos toda essa badalação que rola solta à minha volta, sumia. Ele preferia ficar a sós comigo e preferencialmente em casa. Isso me irritava um pouco, pois eu achava que estava sempre perdendo alguma coisa.

Na cama nossa relação era orgástica e onde melhor funcionava. Sempre trazíamos nossas fantasias para ela e nos divertíamos muito. De uns tempos para cá ele estava envolvido com tantos problemas que o sexo parou de funcionar. Quer dizer, não havia sexo, pois não havia cabeça para isso. Eu ficava frustrada, mas tentava entendê-lo. Claro que minha auto-estima ficou abalada, pois eu achava que ele não tinha mais tesão por mim, mas ele negava veemente. E claro, provava que eu estava enganada.

Quando nosso namoro terminou, fazia um mês mais ou menos que eu não transava. Minha pele gritava denunciando a falta de sexo na minha vida. Quando constatei que realmente não tinha volta, eu para afogar as mágoas saí para dançar decidida a encontrar alguém. Que coisa péssima! Me senti num dia de caça e chegando lá eu relaxei e decidi que iria curtir os amigos que por acaso encontrei.

Ter amigos gays é sempre uma via de duas mãos. Às vezes funciona, às vezes não. Como estava carente, dois amigos resolveram me beijar e até me causaram uma felicidade instantânea. Eu lá no meio daquele monte de gente beijando dois homens lindos.

Foi quando reparei num cara bem estranho dançando próximo a mim. Comecei a flertar. Trocamos sorrisos, olhares e minutos depois estávamos dançando juntos. Ele até era bonito, mas totalmente estranho. Quase freak. Mas eu gostei justamente disso, apesar que o cabelo dele me incomodava bastante.

Demorou um pouco, mas acabamos nos beijando. Depois de algum tempo juntos e com as coisas esquentando, eu resolvi dar um jeitinho naquele desejo inflado que andava me consumindo. Não é apenas o homem que tem necessidade de sexo, nós mulheres também temos. Convidei-o para ir comigo para casa e lá fomos nós rumo a consumação carnal dos fatos.

Foi divertido, mas rápido. O corpo era bonito e ele sabia como fazer as coisas. Não foi um encontro orgástico. Aliás, cheguei a conclusão que orgasmos só rolam quando estou apaixonada, mesmo que seja por mim.

Essa foi a última vez que tive uma relação sexual na minha vida. Depois disso só tentativas frustrantes. Transar não é mais uma tarefa fácil. Não sei se é a idade, não sei se realmente estou com a auto-estima afetada a ponto de deixar isso estampado na testa, mas as poucas tentativas que rolaram nesses últimos meses foram frustrantes.

Estou cheia de espinhas, morrendo de tesão e louca por um casinho. O moço do cabelo estranho está disponível, mas não sei, não tive vontade de revê-lo a não ser em momentos de quase desespero.

Fui a uma festa há algumas semanas atrás. Bebi além da conta, tomei ecstasy e fiquei muito louca. No final da festa eu reparei num cara lindo, dono de olhos azuis brilhantes, que já tinha ficado com metade da festa. Agora era a minha vez! Quando vi estávamos nos beijando e logo em seguida, ele ciente da minha loucura, levou-me para um lugar “discreto” (na festa mesmo). Ficamos no maior auê, mas não rolou nada, pois o rapaz sofria de ejaculação precoce.

Fui embora desalentada. Quando estava chegando em casa, me dei conta de que o rapaz estava em frente ao meu prédio. Acabei levando-o para o meu quarto. Ficamos no maior amasso, mãos pra cá, mãos pra lá, beijos, língua. Quando finalmente ele foi colocar a camisinha, ele gozou! Fiquei passada. Olhei incrédula e respondi a ele o mesmo que ele falou para mim “não acredito”.

Coloquei-o para fora e fui dormir. Achei que houvesse algo errado comigo. Afundei a cabeça no travesseiro e ao tira-la, uma enxaqueca dominava a minha vida. Tarde de ressaca e domingo jogado fora. Odeio quando jogo um dia fora.

Depois dessa tentativa frustrada, um amigo com quem eu já tive um casinho, ficou em casa me atiçando. Eu já tinha prometido a mim que não ficaria mais com ele, mas ultimamente eu não estava sendo muito fiel as minhas promessas. Ficamos deitados no meu quarto, vendo tv e falando bobagens. Quando nos demos conta, estávamos no beijando, apertando e pronto, pensei que enfim mataria minha vontade. Na hora H ele saltou e disse “melhor não seguimos em frente, tenho medo de estragar nossa amizade”. A vontade foi de gritar “o quê que tem de errado comigo?”.

Virei a cabeça e fui dormir me sentindo o ser mais indesejável do planeta. Afinal, o sexo não anda banalizado? Eu não sou o ser mais banal, mas só queria transar um pouquinho ,esquecer algumas dores e dar um jeito na minha pele, mas o jeito é pagar e fazer uma limpeza mesmo, porque por enquanto só o vibrador é que anda me dando atenção.

Postado por Desiree às 1:39 PM | 0 comments



O difícil acerto de contas
Estranho revê-lo depois de tanto tempo. Estava até com dor de barriga. Claro que tomei um bom banho, fiquei cheirosa, coloquei uma roupa bacana, fiz uma maquiagem leve e lá fui eu, com poucas armas na bolsa ao nosso reencontro.

Eu tinha, no fundo, alguma má intenção. Marcamos o encontro num barzinho próximo de casa, porém logo que cheguei me deparei com um paquera, então resolvi mudar os planos, pois eu já sabia que ia chorar, ficaria mal e não queria que ele me visse neste estado tão lamentável. Logo que o carro dele virou a esquina, fui correndo recepcioná-lo na porta. Meu coração disparou. Achei-o diferente com os cabelos sem corte e também um pouco acima do peso. Feio ou bonito, eu gosto dele do mesmo jeito. Amor é assim, não escolhe.

Nos cumprimentamos sem graça e eu sugeri o boteco que ficava na esquina. Fomos para lá, pedimos cerveja e despejamos aquela maldita mágoa que não permitia que eu seguisse em frente. Não gosto de nada mal resolvido na minha vida. Estranho olhar para alguém que até pouco tempo atrás era tão íntimo e de repente não poder tocá-lo mais. Não me esnti inteiramente a vontade e no início eu nem sabia o que falar. Soltei um risinho nervoso e confessei que não sabia por onde começar. Felizmente ele quebou o gelo e falamos sobre amenidades até chegarmos naquela ferida grotesca.


A mágoa dele me surpreendeu. Percebi que meu ato levou-o a me odiar e que me ver na frente era algo insuportável. Chorei. É, eu sempre choro em situações como esta. Queria poder voltar no tempo, fazer as coisas diferentes e controlar a minha língua. Esqueci que ao meu lado tinha um ser muito mais sensível que eu. Como será que eu me comportaria se fosse ele quem tivesse me mandado me foder? Não sei, mas eu teria perdoado. Eu sempre perdôo, pois acho que as pessoas são falíveis demais. Mas não souberam me perdoar. Acho que fiquei marcada para sempre na vida dele e da forma mais negativa possível. Logo eu que tanto fiz, que tanto me entreguei, que tanto aguentei. No fundo eu não sei amar incondicionalmente. Se eu perdôo, eu espero que o outro faça o mesmo, mas a generosidade não está em todos os lugares.

Ele segurou na minha mão quando comecei a chorar. Ele perguntou o porquê de eu ter falado com ele daquela maneira. É, três meses para ele querer saber o motivo do meu rompante. Isso me chateou, pois me crucificou sem ao menos saber o motivo ou se houve de fato um motivo. Apenas explodi. Isso é proibido?

Depois ele se tocou das mãos entrelaçadas e soltou a sua de sopetão. Fiquei sem graça. Nessas horas eu queria fumar. Sei lá, sempre acho que cigarro em momentos como esses ajuda a relaxar. Virei um gole grande de cerveja e tentei sorrir. Uma hora e meia depois de papo ele foi me levar para casa. Tudo que eu queria era dar um abraço forte. Quer dizer, tudo que eu queria era poder levá-lo para a minha casa, enfiá-lo no meu quarto e ficar deitadinha com ele na minha cama.

Quando o carro parou próximo ao meu prédio, eu pedi um abraço. Nos abraçamos muito forte e eu disse que era muito bom estar assim com ele. Ele respondeu que também gostava. Quando fomos nos soltar, eu não resisti e beijei-o nos lábios. A princípio ele se deixou levar pelo meu ato, mas logo em seguida me afastou e disse que era por isso que não poderíamos ser amigos.

Não entendo porquê de duas pessoas se gostarem, mas não ficarem juntas porque há uma falha no passado que não permite uma segunda chance. Fui para casa, onde alguns amigos me esperavam. Logo na entrada me deram uma taça de vinho e então eu desabei a chorar. E tudo aquilo que estava entalado, aquele nó maldito, veio para fora. Chorei copiosamente. Tranquei-me no quarto, relembrei nossos bons momentos, desejei-o e ainda mandei um torpedinho agradecendo-o pela noite.

Dormi embalada por lágrimas e pela tristeza de que o ponto final era definitivo. Eu sempre tenho esperanças, mas desta vez a minha morreu.

Postado por Desiree às 11:30 AM | 0 comments