sexta-feira, janeiro 13, 2006
do fundo do baú
Um comentário deixado neste blog trouxe uma antiga história à tona. História besta, claro! Eu tinha um amigo que estava todo caidinho por mim, o que não foi uma coisa boa nessa história [mas eu soube disso depois]. Encontramo-nos em solo europeu e viajamos um pouquinho juntos.

Seguimos para a terra do papai noel de navio. Eu era quase uma Kate Winslet em Titanic. Cabelos esvoaçantes, saia rodada e sapatinho de boneca. À noite rolou uma festa bem animada e fomos eu e meu amigo, que a essas alturas estava quase me matando pelo meu ar blasé de "você é tão legal que merece alguém melhor que eu". Claro que eles nunca caem nessa história.

Neste dia eu tomei meu primeiro cosmopolitan. Era quase uma personagem do Sex And The City, que nessa época eu desconhecia por completo, pois TV a cabo na minha vida foi algo muito tardio, inclusive só existe na casa dos amigos, porque a mim não chegou até hoje.

À nossa volta idiomas diversos e gente bonita. Dividimos a mesa com uma senhora brasileira que morava na Alemanha e quando falei que éramos apenas amigos, ela disse que ia arrumar um alemão bem bonito para mim. Com a ajuda do cosmopolitan minha animação subiu. E olha que nessa época eu nem era pretensa maria-cumbica.

De repente começou a rolar música lenta para dançar agarradinho. Gargalhei, porque a última vez que eu tinha visto as pessoas dançarem assim tinha sido no colégio. Aí um moço de 3 metros de altura, cabelos lisos e bem loirinho, sorriso alvejante e olhos azuis românticos, começou a sorrir para mim. Meu amigo, percebendo o clima, resmungou e disse que ia dormir. Quando vi eu estava rodopiando pela pista agarradinha no galego.

Fomos os últimos a sair da festa e ele foi me acompanhar na minha cabine. Descobri que estava sem chave. Acabei dormindo na cabine dele [e juro que não aconteceu nada além de beijos, porque na época eu era muito comportada, o que eu acho uma pena, pois foi um grande desperdício].

Acordei com ele resmungando em alemão e aí me dei conta que tínhamos perdido a hora do desembarque. Saímos da cabine e o silêncio era mortal. Subimos e então descobrimos que estávamos na Dinamarca e não na Suécia, que era nosso destino final. O navio já tinha ido ao nosso destino e voltado. Meu amigo, que a essas alturas deveria ser ex-amigo, tinha desembarcado. A coisa ruim é que eu estava rumando para a casa dele, o que já não era mais uma boa idéia. Estávamos de carro e da cidade que desceríamos até a cidade que ele morava, eram bons e bons kilômetros.

Fiquei sem saber o que fazer, me achei inconsequente, uma amiga muito má e chorei. É, chorei de desgosto de mim nesse dia. Não tínhamos muito o que fazer e ainda descobri que eu estava na roça, pois tinha esquecido o passaporte no carro do meu amigo. Depois de muito stress eu consegui embarcar para a Suécia novamente com o galego a tiracolo, mas só entraria lá se conseguisse resgatar de alguma maneira o meu passaporte.

Felizmente meu amigo era uma pessoa boa. Ele era uma pessoa que eu deveria ter me apaixonado, casado e tido filhos, pois era tudo que ele queria. Infelizmente nem sempre queremos o que é melhor para nós. Meu passaporte tinha sido deixado na polícia federal [é isso?] junto com um número de telefone celular. Inacreditavelmente meu amigo ficou na cidade me esperando.

Claro que viajamos sem trocar uma palavra e eu fiquei um mês limpando a casa dele para me desculpar pelo meu desvario. E claro, reencontrei o alemão.

--> ouvindo Chemistry do The Adored [meus novos amiguinhos]

Postado por Desiree às 11:51 AM |



1 Comments:
Anonymous Anônimo escreveu...

é phooooodddaaaa olhar e não ver. e mais phooodddddaaaa ainda olhar pra tras e ver. mas é parte do aprendizado de que as escolhar certas sempre estão a nossa frente, mas quase nunca as conseguimos ver.

2:33 PM  

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