terça-feira, dezembro 27, 2005
Você tem medo de namorar?
Hoje tive um almoço de mulherzinha. Almoço em que falamos sobre homens, relacionamentos, expectativas, $$$, trabalho e se der tempo, trocas de receitas culinárias, porque a mulher moderna é assim, dá conta de tudo!!! Auto-suficiente como dizem por aí [se bem que eu fujo disso, pois adoro minhas pequenas dependências alheias].

O papo hoje foi casamento. Das três, duas são casadas e uma delas é pretensa à vida de solteira. Casamento falido, desencanto, depressão. O que faz um casamento ser bem sucedido? Eu não sei, pois nunca me casei. Ontem também discuti relacionamentos. Os brasileiros demonstram pânico na hora de assumir um compromisso. Vivem se boicotando, dando um chega pra lá, não se aprofundam nas relações e ficam na borda piscina. Poucos são os corajosos que encaram um mergulho profundo [e felizes esses].

Eu morro de inveja dos europeus em que as pessoas estão sempre se relacionando, se casam e se não dá certo, não fazem qualquer cerimônia e colocam um ponto final na história e partem para outra. Prendemo-nos demais no "casamento até que a morte nos separe", mesmo a maioria não acreditando nisso. E aí vira aqueles casamentos hipócritas, em que não dá para entender o porquê da insistência.

Namorar é bom demais e mesmo assim muitos insistem em relacionamentos falidos, ao invés de se dar a oportunidade de viver outras histórias bacanas. Mas por quê? Ué, porque morrem de medo de ficarem sozinhas, de não conseguirem alguém, blá, blá, blá. Parece assunto de tia, mas é a pura realidade, pois vejo isso na rodinha em que convivo. Eu também tenho meus momentos pânicos "ah, ninguém me quer", aí depois de um tempo eu me dou conta que tenho meus requisitos mínimos para querer compartilhar minha vida com alguém. Não adianta eu ter alguém ao meu lado pelo simples fato de temer ficar sozinha. Quero estar com alguém que eu admire, que eu tenha tesão, que faça eu rir, que me ouça, que vá ao cinema comigo. O que diferencia isso de um amigo é apenas um item: sexo. É, você também pode fazer sexo com seu amigo, mas aí a história é outra.
Eu tenho alguns amigos que são verdadeiros maridos [de casamento sem tesão, porque eles não fazem sexo comigo], mas tudo funciona: falo com eles diariamente, vamos juntos ao cinema, durmimos juntos de vez em quando [só ganho cafuné], damos risadas, cozinhamos, fazemos planos, eles me ouvem, brigam comigo de vez em quando e eu sempre morro de saudades.

E aí eu penso: eu quero um namoro assim, em que o cara que estiver comigo seja amigo, cúmplice e também tenha tesão, que é o que diferencia da amizade [entre outras coisinhas]. Geralmente não tratamos nossos "partners" como amigos, ao contrário, estamos sempre cobrando, esperando, querendo, pedindo, podando, brigando.

Namoro muitas vezes é um grande show de horror. Brigas, desrespeito, ciúmes, insegurança, cobranças intermináveis, tudo tem que fazer junto. Amizade geralmente não, então por que quando alguém muda do status de "amigo" para "namorado" tudo muda? E estamos com alguém por livre escolha, ninguém nos amarra numa árvore e diz "só solto você, se você ficar com fulano", então não dá muito para entender relacionamentos sofríveis. Ou somos mesmo um bando de masoquista?

Sei que na teoria tudo é fácil, mas eu sempre procurei fazer com que meus namorados fossem meus amigos, mas falhei. Cobrei também, me senti insegura, fiquei puta quando eles não quiseram me acompanhar em uma festa e por aí vai, porém ainda assim acho que fui uma namorada razoável, pois eu respeito o limite e o espaço do outro e não abro mão das minhas amizades. Ok, estou sozinha.

Minha amiga está casada há dez anos e está há quinze anos com ele. Pelas minhas continhas, ele foi um dos primeiros namorados dela. Porém, acabou o encanto e o tesão. A dependência que ele criou por ela a sufocou. De repente, a existência dele parecia ter sentido apenas se estivessem juntos. E o pior, estagnou. Ela acordou e disse "vamos nos separar". Ele a culpou por um monte de coisas e mesmo assim está tentando reconquista-la [o que geralmente não dá certo, porque nesse estágio, a tentativa de reconquistar só tende a piorar a situação, pois precisamos "respirar"] e diz que ela não pode jogar os quinze anos no lixo. Mas quem disse que ela está jogando os quinze anos no lixo? Não há como voltar atrás, foi bom enquanto durou, próximo. Ao mesmo tempo ela diz que tem medo de ficar sozinha, de ter que começar tudo de novo.

A graça está aí. Conhecer alguém, conquistar e fazer a relação crescer. E conquistar é todo dia. Acomodar-se nas nossas próprias histórias é o que faz tudo desandar. Pronto, conquistei e acabou! É, relacionamentos são bem complexos e não há fórmula. Cada um lida de uma maneira, quer as coisas de uma forma. Não há ideal, mas há limites [que muitas, mas muitas, vezes não são respeitados].

Enfim.... estou sozinha e bem acompanhada dos amigos. Quero um namorado, mas não quero alguém que seja um problema na minha vida. E é esse que está difícil encontrar.

Adoro clubinhos da luluzinha [mas só de vez em quando], pois as neuras geralmente são as mesmas e aí nos despedimos e nos sentimos seres normais.

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ouvindo Own do Snow Patrol [e entediada]

Postado por Desiree às 6:22 PM |



2 Comments:
Anonymous Anônimo escreveu...

e em meio a escuridão se viu a luz. o amor deve libertar e dar o que temos de melhor ao outro mesmo que seja pra ele jogar no lixo ! quem nos prende são nossos carcereiros e todo Homem que quer me dominar é meu inimigo e deve ser destruido.
doe e viva feliz em 2006

9:15 AM  
Anonymous Anônimo escreveu...

all right...
getup.blig.ig.com.br

10:24 PM  

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