quinta-feira, junho 15, 2006
o amor
Hoje assisti 5x2 de François Ozon. Eis um diretor que gosto muito e me deixa de olhos vidrados com sua direção tão acertada. Com o filme de hoje não foi diferente. Em 5x2 se vê a reconstrução do amor, já que a história é contada de trás pra frente. Tudo começa desgastado até voltar a magia do primeiro olhar.

Isso não nos liberta da sensação de que romances costumam ter prazo de validade. Histórias como as dos nossos pais são cada vez mais raras. Não que isso seja bom ou ruim, mas é tudo diferente. Vejo meus pais, que já cogitaram a separação algumas vezes, mas preferiram o aconchego criado por tanto tempos juntos. Sem surpresas, sem muita emoção, sem tesão... mas a segurança de não ficarem sozinhos. Isso não é declarado e talvez nem seja real. Há carinho, mas sinto que está em outra esfera.

E aí penso nos meus romances, na intensidade em que eles surgem, como se desenrolam e como seguem geralmente para o mesmo fim. Reuno minhas histórias e busco vestígios do que poderia ter feito para que ela fosse diferente. Não encontro. Todas tiveram seu começo, meio e fim e não houve motivos, mesmo que ainda acreditando amar o outro, para estende-la. Quando é possível um revival, geralmente o que vem à tona é "somos tão diferentes". Porque mudamos e porque quando nos reencontramos já somos outras pessoas.

Às vezes, nas minhas ilusões, eu me imagino com alguém até o final dos meus dias e simplesmente vejo tais ilusões serem dissipadas pela minha própria intensidade. Nem estou falando de paixão, pois já tive longos namoros e vivi cada estágio de uma história de amor. De repente, o amor muda de estação. Difícil lidar com a falta de tesão, com o sexo mecânico e a falta de criatividade que abate o casal. Quantos anos são necessários? Eu consegui esgotar em oito anos, não mais que isso, até porque não deu tempo.

Conheço histórias que me fazem vibrar, mas são poucas. Talvez elas ainda não tenham tempo suficiente para eu achar que exista esse "até que a morte nos separe". Não funcionamos assim e muitas vezes insistimos apenas para nos fazer acreditar que sim, existe amor para sempre. Existe, mas acho que na maioria das vezes ele muda de estação.

Estou apaixonada e não fico pensando muito no amanhã, pois nem sei se de fato ele irá existir. E sou muito inconstante, por isso sempre quero alguém criativo ao meu lado, alguém que me instigue, que me provoque, que tenha aquele "conquistar" todos os dias. Raramente é assim. A maioria se acomoda. Eu também.

Claro que não há fórmula, não há ideal. Sofro sempre com os finais, mesmo que a história tenha durado três dias. Tento ser moderna, mas sou uma romântica desconcertada que adora sentir frio na barriga e o coração disparar. Por isso, quando minhas histórias terminam, eu imito François Ozon: volto no tempo, mas ao contrário dele que pontua toda a ironia que permeou a relação, eu busco tudo que foi bom e isso me conforta a faz eu querer uma nova história e novamente ter o "homem da minha vida" ao meu lado, afinal é muito pessimismo acreditar que há somente um.

Postado por Desiree às 10:46 PM |



6 Comments:
Blogger Fugu escreveu...

Desiree, o homem da nossa vida talvez seja o homem que está, a cada dia, na nossa vida. Tem uma hora que o vento muda, o dia muda, o homem muda. Mas é uma delícia pensar que a sensação absolutamente deliciosa da paixão é permanente. O teu texto é lindo. beijo você.

1:30 AM  
Blogger rseefo escreveu...

Acho que este é o teu texto mais lindo que voce escreveu. Estive ausente mas vou voltar, porque voce vicia, tuas palavras sao como opio, e os tuas historias me fazem acreditar que existe sempre algo melhor a ser descoberto.

muitas saudades de voce.
(declaraçoes de um ser perdido na vida, huahauhauhauah)

2:11 AM  
Blogger ÍntimoSedutor escreveu...

Já sentistes as borboletas no estômago, estou certo?
Beijos.....

10:53 AM  
Anonymous Anônimo escreveu...

Gosto muito do François Ozon tb!

Oito Mulheres e Swimming Pool estão entre meus filmes favoritos! Acho demais e estou curioso p ver esse tb.

11:50 AM  
Blogger Marco escreveu...

Estou inclinado a concordar com o Ota. Dos seus textos, esse foi o mais bonito, o que mais me fez pensar. Não é fácil comentar um texto como esse. Digo que o amor eterno existe? Ou não, que não existe, assim como a felicidade na verdade é representada por momentos felizes entremeados de outros não tão prazerosos? Conheço muitos casos de amor do jeito "alma gêmea", e concordo contigo que eles não são regra comum. Parece que são uma espécie de prêmio de loteria que só uns poucos afortunados tem a ventura de ganhar. Todos buscam o amor perfeito, não há quem não o faça. Essa busca está no nosso código genético, está impressa na nossa alma. Cada vez que amamos alguém temos a impressão de que agora a coisa vai. Se não é o que esperávamos, nos decepcionamos. Mas temos de continuar tentando. Sempre. Nem que passemos a vida nessa busca e quando a gente morrer possa dizer como São Paulo: "combatemos o bom combate".
Um beijo, Desirée.

8:14 PM  
Anonymous Anônimo escreveu...

Oi! Muito legal o teu blog!
Fizeram uns vídeos que foram censurados e vazaram na net. Esse site
dá para ver esses vídeos daquele jogo de penaltys
entre duas gostosas que está no www.skolcopa.com.br site da skol sabe?
então Vai lá no: http://www.loiraxmorena.com.br/projetos/aprovacao_filmes.asp
depois me diz o que tu achou, falow!

3:31 PM  

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