quarta-feira, novembro 23, 2005
I´m in love

Estou apaixonada. Talvez seja daquelas paixões arrasadoras, que vêm como um furacão e vão embora sem nem percebermos. Não importa. O que é importa é que estou apaixonada. Borboletas se mexem na minha barriga. Aquele friozinho que eu não sabia mais o que era, voltei a sentir. Apaixonei-me por uma das pessoas mais fascinantes que conheci nos últimos tempos.

R. é exatamente meu número, para simplificar. Quase a mesma idade que eu. Estilo moderno e usa all-star, cabelos desalinhados, óculos de aro preto, nariz afilado. É descolado, divertido, sarcástico, inteligente, tem um gosto musical invejável e me virou do avesso como poucos. Separado, tem filho, paizão e foi uma das poucas pessoas que conheci que eu tive aquela sensação incrível de liberdade. É o que é e ponto. Gosta do que gosta e ponto. Não faz média. Não tenta ser nada. Já é bastante. Posso ser homem, posso ser mulher. Fez cair por terra teorias furadas que eu carregava comigo.

É viciado em café e cigarros. Lê compulsivamente. Adora cinema. Gosta de pessoas. É individualista. Mostrou-me um monte de coisas novas, fez eu ver o mundo sob outro ponto de vista e fez eu me sentir à vontade em ser eu o tempo inteiro. Falei bobagens sem medo, fiz piadas grotescas, que mesmo ele não achando graça, eu não me senti nenhum pouco mal por contá-las. Passamos a madrugada tirando fotos, ouvindo música e conversando. Como poucas vezes acontece. Caminhadas intermináveis. Gostos parecidos. Conversa incrivelmente fluída. Silêncio agradável.

Assim como eu, não gosta de doces e não achou um absurdo eu não gostar de sorvete, pois também não faz a menor questão. Não curte chocolates e acha vinho indispensável. Adora a noite. Gosta de pessoas. É observador. É crítico sem ser. Ficou abismado por eu não ter um vibrador. Fascinou-se pelo meu jeito "pidão" na cama, pois disse que são poucas que ousam. E me proporcionou prazer como poucos.

Nada me fascina tanto quanto tesão físico e intelectual. Foi esse tesão que fez eu viajar 600km numa noite apenas para revê-lo e dois dias depois, fazer a mesma viagem para dar início a uma semana bem puxada.

Fez T. ser apenas uma doce lembrança e parecer ainda tão infantil. Coincidentemente, depois de seis meses, T. me ligou na sexta enquanto a mala pousava ao meu lado. Queria saber como eu estava. Apenas isso. Não consigo mais lidar com pessoas que tentam disfarçar suas emoções.

- Oi.

- Oi (estupefata). Que surpresa.

A voz impassível do outro lado.

- Liguei para saber como você está.

- Que bom, tenho saudades de você.

Silêncio.

- Como você está?

Não precisava ter ligado apenas para isso. Se quer saber como estou, me procure esparramada no mundo virtual. Vai saber exatamente como estou ao ler meu blog, ver meu fotolog e orkut. Liga e liga exatamente no dia que você tirou pó das suas asas e resolveu voar de novo. Liga para fazer você tremer, para você derrubar algumas lágrimas e trazê-lo à tona.

Mentiria se dissesse que a ligação não mexeu comigo. Mexeu, mas pela primeira vez, após me recompor pela surpresa [afinal foram seis meses de silêncio], voltei à excitação da viagem que rolaria dali a algumas horas. Foi a primeira vez em seis meses que eu não tive vontade de tê-lo de volta. E depois deste final de semana, ele se tornou tão infantil para mim em alguns aspectos, que não se encaixa mais nos meus anseios.

A chatice é que depois de alguém tão must passar na sua vida de forma avassaladora, você sabe que se tornará mais exigente. Que J. não tem mais espaço na sua vida, pois nos quesitos necessários para despertar o seu interesse ele está em falta. D. já nunca esteve mesmo muito dentro do perfil desejado. É inteligente, divertido, mas metódico e contido demais.

Curiosamente os americanos [que coincidentemente apareceram em profusão na minha vida em 2005] têm se mostrado muito além das minhas expectativas medíocres. Acho que preciso olhar mais para o oeste, porque ao meu redor eu estou fora dos anseios alheios e eles estão fora dos meus.

E agora é curtir essa sensação boa até que ela seja esmiuçada pelo tempo e então, restem lembranças deliciosas e capazes de me excitar por si só [e de todas as maneiras]. Nada como alguém que te chacoalhe sem querer e te dê um pouco da vida que estava lhe faltando.

Postado por Desiree às 2:02 PM |